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05/03/2008 - 12h20

O que dizem os que são contra estudos com células embrionárias

Ana Sachs
Da Redação
Em entrevista ao UOL, dom Antonio Augusto Dias Duarte, bispo auxiliar do Rio de Janeiro e membro da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) disse que a Igreja Católica tem sido má interpretada em toda essa polêmica sobre a utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas.

Dom Antonio, que também é médico formado pela USP (Universidade de São Paulo), afirmou que a finalidade da pesquisa com células-tronco embrionárias - curar doenças - é boa. "Mas há um limite que não é outro senão da dignidade da pessoa humana. Tirar essas células significa violar a integridade da pessoa, significa a morte dessa pessoa, significa que a pesquisa e ciência estão ultrapassando os limites éticos", disse.

Esse posicionamento da Igreja tem sua origem na interpretação de que um embrião, ainda que congelado, é uma vida e, portanto, é inviolável segundo a Constituição. "Embriões são pessoas humanas que estão congeladas, não são apenas um grupo de células", explicou. Foi com base nesse mesmo argumento que o ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles baseou sua ação direta de inconstitucionalidade no STF (Supremo Tribunal Federal).

Opinião semelhente tem o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado federal João Campos de Araújo, do PSDB de Goiás. Segundo ele, a Frente não é contra a ciência e pesquisa, mas contra o sacrifício de embriões. "Nós defendemos a vida em todas as fases e entendemos que o embrião é um ser humano, é uma vida", afirmou.

Ambos os religiosos afirmaram ser a favor de pesquisas com células-tronco adultas. "Isso [impedir o uso de células embrionárias em pesquisas] não vai atrasar a ciência e pesquisa no Brasil. Porque já está se fazendo há muito tempo usando como método terapêutico as células-tronco adultas", afirmou dom Antonio.

João Campos disse ainda: "Se nós já temos a alternativa com absoluto acerto sem ter que sacrificar vidas, por que nós temos que fazer a opção por assassinar um embrião? A humanidade não precisa recorrer a esse recurso".

Embriões congelados
O que fazer com esses embriões congelados que já existem em número indefinido no país - a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) disse que não possui esse banco de dados - é outra grande polêmica.

Questionado sobre ao assunto, dom Antonio disse que uma possibilidade seria a adoção desses embriões. "Acolher uma criança que se for descongelada, ao invés de ser morta, pode ser introduzida no útero de uma mulher", disse.

Já Campos de Araújo disse que "a solução que tem que ser dada não diz respeito à Frente Parlamentar Evangélica". "Nós somos contra e votamos contra a lei. Mas na medida em que o Congresso Nacional, por sua maioria -e isso é um regime democrático-, criou essa possibilidade na lei, isso deixou de ser um problema nosso. Quem provocou o Supremo Federal para dizer se esse dispositivo é constitucional ou não, não fomos nós".

Para ele, a solução já está dada na lei -utilizar os embriões em pesquisas. "Nós fomos contra, mas o Congresso apoiou. Então, a posição do Supremo é indiferente para nós", disse. "Nós fomos vencidos. Cabe a nós agora só respeitar aquilo que o Estado brasileiro estabeleceu", continuou.

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