Pesquisa na BA traz resultados animadores no tratamento da osteoporose

Heliana Frazão
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Em Salvador

Uma pesquisa inédita divulgada esta semana em Salvador traz esperança aos pacientes com osteoporose avançada. Um novo tratamento mostrou resultados animadores em idosos com quadro persistente de fraturas e que não obtiveram sucesso com as terapias convencionais.

O estudo foi conduzido por uma equipe de três médicos, sob coordenação do geriatra Antônio Carlos Silva Santos Jr., professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e diretor científico regional da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Durante um ano, os especialistas ministraram, num grupo de 37 pessoas com idade média de 75 anos, uma medicação à base da teriparatida, hormônio extraído da paratireoide, glândula localizada logo acima da tireoide. O tratamento durou um ano. Desse universo, 34 (92%) eram mulheres. O grupo foi orientado também quanto à suplementação de cálcio e vitamina D.

Além de evitar novas fraturas, o tratamento pioneiro produziu ganho de massa óssea, algo impensável até então, segundo o coordenador da pesquisa. "O resultado foi surpreendente. Um ganho médio de 8,5% de massa óssea, como o que verificamos nesse período, foi algo inédito", comemora.

O estudo foi realizado sem qualquer patrocínio da indústria farmacêutica, com financiamento da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Todos os participantes eram pacientes do Cedeba (Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia), órgão vinculado à Secretaria de Saúde do Estado da Bahia.

Até a fase final do tratamento nenhum dos envolvidos apresentava novas fraturas. O trabalho foi apresentado no 9º Congresso Europeu sobre Aspectos Clínicos e Econômicos da Osteoporose, em Atenas, na Grécia, em março e está publicado, com destaque, na revista Osteoporosis International.

Santos Jr. observa que a teriparatida já vinha sendo utilizada em países da Europa e nos Estados Unidos, com aprovação do FDA (órgão regulador), mas não havia histórico sobre a dimensão da sua aplicação na população brasileira e, notadamente, na nordestina.

"Até então só tínhamos notícias de ganho de cálcio nas pessoas em fase de crescimento. Os pacientes em questão já haviam sido tratados por no mínimo dois anos e não apresentavam melhora. Continuavam sofrendo fraturas e não viam solução para o problema", explica.

De acordo com o médico, tratamentos convencionais para osteoporose grave não promovem a reversão do quadro, com ganho de densidade óssea, apenas inibem o aumento da perda de cálcio.

A teriparatida tem custo elevado. Um tratamento à base da sustância não sai por menos de R$ 2 mil mensais. Entretanto, na Bahia, o medicamento, que até então somente era distribuído gratuitamente mediante determinação judicial, já foi incluído no programa de fornecimento de medicamentos de alto custo, do governo do Estado. A Bahia oferece o tratamento, hoje, a cerca de 300 pacientes mensalmente, de forma gratuita, o que não ocorre em outros Estados.

A expectativa do especialista é de que o Ministério da Saúde amplie o acesso gratuito a todo o país.