Planetários são o ponto de partida para o interesse por astronomia

Murilo Alves Pereira
Especial para o UOL Ciência e Saúde

Vic só tinha dez anos quando teve sua primeira experiência em um planetário. Foi, segundo suas próprias palavras, "a sensação mais introspectiva de alegria cósmica que sentira até então". Hoje, mestranda em astronomia (sua dissertação é sobre as estrelas que ficam nos braços espirais da Via Láctea), a física Victória Flório analisa astros e estrelas com o olhar clínico de um cientista diante de números. Mas nunca esquece sua primeira experiência, aluna da quarta série, em uma excursão no planetário de Goiânia.

"Me senti pequena demais, me senti grande, tinha uma bola dentro do meu peito querendo sair por aí pra contar a todo mundo como é maravilhoso o nosso universo", exalta-se. Como Victória, crianças e adultos, leigos ou cientistas, se encantam cada vez que se deparam, em um planetário, com um domo coberto de estrelas artificiais. Mas por que o céu, mesmo debaixo de um teto, nos causa todo este fascínio?

"O planetário é bastante romântico", explica o professor de física Dulcídio Braz Jr., autor do blog Física na Veia!. "A pessoa entra em uma abóbada e se aproxima do céu." Para ele, não há quem conheça a astronomia, a partir de um planetário, e não se sinta curioso em aprender mais.

O fascínio também se explica pelo fato de as pessoas não ligarem de imediato as luzes projetadas em um céu artificial com algo científico. "Mesmo que a pessoa não goste ou não entenda de ciência, visitar um planetário será uma experiência pela beleza em si", torna a contribuir Victória. "Quando criança, visitar o planetário não me ligou ao mundo da ciência, mas ao mundo do belo. Por isso, a astronomia adquire status de arte para mim."

É o que também pensa o astrônomo Alexandre Cheirman, diretor responsável pelo recém-inaugurado planetário de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. "Como não faz parte do currículo normal das escolas, a astronomia não é rejeitada pelas pessoas", diz o astrônomo. Por se assemelhar mais ao entretenimento do que à ciência, acredita, os planetários servem como importante ferramenta para divulgação científica.