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17/10/2008 - 18h00

Há quanto tempo o soro fisiológico e o catchup estão na geladeira?

Marina Almeida
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Diarréias, vômitos, dor de barriga e alergias são alguns dos sintomas que podem ser desencadeados por alimentos vencidos. Não é só a data de validade impressa nos rótulos, entretanto, que garante a qualidade do que é consumido. É necessário também prestar atenção no prazo de utilização do produto após aberto.

"A deterioração é mais rápida quando o alimento entra em contato com o ar, onde pode encontrar fungos e bactérias", explica Carmen Cecília Tadini, professora do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da USP.

Arquivo Folha Imagem
Depois de abertos, alimentos como catchup e mostarda perdem a integridade rápido, por isso é importante prestar atenção ao prazo de validade disponível no rótulo
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"Não temos o hábito de relatar este tipo de problema causado por alimentos aos postos de saúde, o que impede que tenhamos um banco de informações mais completo sobre a quantidade de casos de intoxicação ou infecção alimentar no país", diz a professora.

Ela explica que os consumidores devem ficar atentos quando utilizarem marcas desconhecidas, por exemplo, e recomenda que relatem eventuais problemas, inclusive aos fabricantes.

A professora ainda diz que não se deve retirar a parte contaminada por fungos de um produto e consumir seu restante. "A presença desses microoganismos pode indicar a existência de outros, invisíveis a olho nu".

Carmen sugere também atenção maior com os produtos em promoção, já que o desconto ocorre, muitas vezes, por causa da aproximação de seu vencimento.

Cada marca, um prazo

Assim como a validade dos alimentos, seu prazo de utilização após abertos pode variar de acordo com a marca. O fabricante deve indicar no rótulo as condições de uso e armazenamento do produto - se deve ser mantido em geladeira ou consumido logo após sua abertura, por exemplo.

"O fabricante determina a validade baseado em seus estudos sobre a deterioração do produto. É ele quem conhece as técnicas e o processo de produção de seu alimento e quem melhor pode indicar seus potenciais e limites", diz Isabel de Lelis Andrade Moraes, diretora da Divisão Técnica de Produtos do Centro de Vigilância Sanitária Estadual, de São Paulo.

Ela ressalta que, caso não encontrem essas informações nas embalagens, os consumidores devem cobrar dos fabricantes e relatar o fato a órgãos como o Centro de Vigilância Sanitária, que monitora diversos alimentos encontrados no mercado.

Catchup e mostarda

Apesar do costume de armazenar potes de catchup e mostarda por vários meses na geladeira, após a abertura a validade destes alimentos diminui drasticamente.

Entre as marcas pesquisadas pelo UOL Ciência e Saúde, o prazo recomendado pelos fabricantes para o consumo de catchup variou de 14 dias e dois meses depois de aberto. Já para a mostarda este tempo é de 30 ou 45 dias após a abertura da embalagem. Problemas de armazenamento desses produtos, como uma eventual falta de energia elétrica ou o hábito de abrir a geladeira com muita freqüência também podem fazer o prazo diminuir.

"O maior problema é quando as embalagens de catchup e mostarda são recarregadas, como costuma ser feito em muitos estabelecimentos comerciais. O contato com o ar e com utensílios de cozinha, entre outros, pode contaminar estes alimentos", diz Pedro Manuel Leal Germano, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP. Por outro lado, ele explica que o baixo PH dos produtos dificulta a proliferação de microorganismos, diminuindo os riscos.

Soro fisiológico

O soro fisiológico também não deve ser guardado por muito tempo após ser aberto. A recomendação é que ele seja adquirido em embalagens menores para ser consumido mais rapidamente. "Além disso, o soro deve ser armazenado na geladeira depois de aberta a embalagem", ressalta Germano. Isso porque as temperaturas baixas dificultam a proliferação de fungos ou outros microorganismos.

A professora Carmen ainda lembra que o cuidado com esse tipo de material deve ser redobrado, pois ele é utilizado em pessoas com imunidade mais baixa, como idosos e doentes.

Entre as marcas pesquisadas pelo UOL Ciência e Saúde, a recomendação é de que o soro seja utilizado em 15 dias depois de aberto ou que o produto seja descartado se o líquido não estiver límpido, incolor, transparente ou inodoro.

Conservas

Alimentos em conserva, como os palmitos, precisam de controle mais rigoroso, tanto em seu processo de fabricação, quanto ao serem armazenados em casa, pois podem sofrer contaminação pela toxina botulímica, que causa o botulismo - doença que atinge o sistema nervoso e pode levar a morte. "Palmitos só devem ser adquiridos de marcas reconhecidas e nunca em beiras de estrada", alerta Germano.

A professora Carmen explica que esses alimentos não devem ser guardados em locais quentes, que favorecem o desenvolvimento da toxina botulímica. "Deve-se evitar deixar as compras no porta malas do carro por muito tempo, por exemplo", diz.

"O ideal é que esses alimentos sejam consumidos o mais rápido possível", ressalta a professora. Nas marcas de palmito pesquisadas pelo UOL Ciência e Saúde, a recomendação de consumo varia de utilização imediata do alimento a até três dias após sua abertura. Eles devem ser guardados na geladeira após abertos e no próprio líquido da conserva, que tem o PH adequado para evitar contaminações.

Enlatados

Enlatados precisam de cuidados especiais ao serem comprados. De acordo com Germano, um verniz interno impede que a lata entre em contato com os alimentos. Quando as embalagens estão amassadas, entretanto, essa proteção se rompe e o alimento pode sofrer reações e liberar substâncias tóxicas, por exemplo. "Nesses casos, nada garante a qualidade dos produtos e sua validade diminui", explica. Latas estufadas também podem indicar a presença de bactérias no interior da embalagem e devem ser evitadas.

O professor recomenda que alimentos como o molho de tomate, depois de abertos, sejam armazenados num recipiente de vidro ou louça e cobertos com filme plástico. Por ser bastante ácido, entretanto, o molho de tomate não é facilmente contaminado por bactérias, explica Germano. Entre as marcas pesquisadas, a recomendação é que o molho de tomate seja consumido em cerca de três a cinco dias após aberta a embalagem, prazo parecido com o do creme de leite em lata - que varia de dois a cinco dias.



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