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16/09/2008 - 10h37

Médica aponta riscos da interrupção da gravidez em caso de feto anencéfalo

Piero Locatelli
De Brasília
Atualizada às 13h15

A ginecologista e obstetra Elizabeth Kipman Cerqueira defendeu a continuação da gravidez em caso de bebês anencéfalos, durante a última etapa da audiência pública no STF (Supremo Tribunal Federal) que discute a possibilidade de antecipação de parto para esses casos.

A médica falou que os riscos sofridos pela mãe durante a gravidez, como a polidrâmia e a hipertensão, são facilmente tratáveis. O risco maior, segundo ela, ocorreira com a antecipação do parto, quando a mulher deve passar de três a onze dias internada, sendo que o processo pode até causar ruptura uterina e infecção.

Jovem interrompe gravidez
Elizabeth destacou ainda a carga emocional dessa experiência. "É mais possível que uma mãe que faça aborto sinta remorso e arrependimento, mas a mãe que leva a gravidez até o fim, ou até a morte espontânea, não vai ter remorso de ter feito o que pôde enquanto pôde", afirmou Elizabeth. Em seguida, ela ainda reiterou o argumento de que a antecipação de parto nesses casos seria uma atitude eugênica.

A médica começou sua apresentação lembrando que diversos especialistas que se apresentaram na audiência afirmaram que dentro do útero não é possível determinar a morte encefálica. "Quem afirma isso está passando por cima de critérios científicos", afirmou a médica.

Desde a primeira audiência pública realizada no STF, porém, diversos médicos afirmaram que o diagnóstico de anencefalia pode ser dado com cem por cento de certeza através da ultra-sonografia, exame oferecido gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Elizabeth destacou um trabalho realizado por estudiosos nos Estados Unidos, que, segundo ela, provou que bebês nascidos vivos e com anencefalia não têm possibilidade de terem a sua morte encefálica determinada, muito menos quando ainda estão dentro do útero.

O termo aborto gerou controvérsias durante as audiências realizadas pelo STF para discutir a interrupção da gravidez em caso de feto anencéfalo. Os defensores da interrupção evitaram o uso da palavra, preferindo classificar a ação como "antecipação do parto". Por outro lado, os que são contrários à autorização enfatizaram o termo. Mais do que uma questão semântica, o que está em jogo é uma possível ligação da discussão do Supremo com uma iniciativa que é ilegal. Leia mais
QUESTÃO POLÊMICA
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A obstetra disse ainda que, com 14 semanas, se identifica um caso de anencefalia, mas apenas com 24 semanas é que ela se desenvolve, pois o tecido nervoso continua crescendo, mesmo num feto anencefálico. "O feto é vivo. Seriamente comprometido quando nasce, com curtíssimo tempo de vida, mas está vivo", disse. “Em 15 minutos, quantas vezes eu podia dizer eu te amo?”.

Ao final da apresentação, a médica mostrou um vídeo com depoimentos de duas mulheres com gravidez de bebês sem encéfalo. A primeira fez a antecipação do parto e não acha que foi a melhor opção, mostrando arrependimento e dizendo que sofria até hoje por conta disso. A outra optou por prosseguir com a gravidez e acredita ter feito a melhor escolha.

Aborto
A médica ainda ampliou os horizontes da discussão para todo tipo de aborto durante sua palestra, falando que o fim das pessoas ali não se resumia somente a antecipação dos partos nos casos de fetos anencéfalos. "Qual a intenção dessa discussão? É chegar ao aborto sim, e ao controle de natalidade", disse. Ela disse que, quando o aborto é liberado, o primeiro impulso de grande parte das mulheres é abortar, mas que depois elas se arrependem. Ao criticar o controle de natalidade, a médica citou os problemas de países da Europa atualmente, com o excesso de pessoas mais idosas e a falta de mão de obra de trabalho.

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