O Brasil lançou nesta sexta-feira um foguete de treinamento no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, após uma lacuna de quase dois anos. A missão, chamada de Maracati I, é uma parceira entre o Brasil e a Alemanha para teste operacional.
"O objetivo é fazer treinamento do Centro de Lançamento de Alcântara", disse à Reuters o coordenador do lançamento, coronel João Cesarino Siqueira.
O lançamento ocorreu às 16h25 e, de acordo com o CLA, foi um "sucesso total".
O foguete Orion, de 5,7 metros, pode atingir velocidade de 4.700 quilômetros por hora, quatro vezes a velocidade do som.
Nesta missão, o foguete foi equipado com instrumentos de rastreamento de voo e caiu em alto mar, a cerca de 80 quilômetros da costa, após atingir uma altura de 93 quilômetros.
O último lançamento realizado em Alcântara foi em julho de 2007. A missão com um Veículo de Sondagem ao Espaço (VSB-30) foi considerada um sucesso pela Agência Espacial Brasileira, mas parte dos experimentos não pode ser recuperada.
Para 2009, estão previstos mais três lançamentos no CLA, em julho, setembro e novembro, mas somente em um deles o VSB-30 deverá decolar com novos experimentos.
O programa espacial brasileiro foi criado em 1961 mas até agora foi incapaz de lançar um foguete que levasse um satélite ao espaço.
Em agosto de 2003, uma explosão destruiu o Veículo Lançador de Satélite (VLS) três dias antes de seu lançamento, matando 21 pessoas. O acidente foi causado pela ignição prematura de um dos motores do foguete que deveria colocar dois satélites em órbita.
O próximo lançamento do VLS está programado para 2010.
Antes da explosão, o Brasil havia tentado lançar um foguete próprio em 1997 e 1999. Em ambas as vezes, os foguetes foram destruídos pouco após o lançamento por problemas técnicos.
Com o lançamento de um foguete próprio, o Brasil se tornaria o primeiro país com tecnologia espacial da América Latina.
O Centro de Lançamento de Alcântara é a base mais próxima da linha do Equador já construída, o que permite aos foguetes lançados o uso de menos combustível para entrar em órbita e o carregamento de cargas maiores, já que contam com as forças centrífugas da Terra.
(Reportagem de Hugo Bachega)