Países em desenvolvimento prometem fazer sua parte no clima

Por Alister Doyle e Jeff Mason

HEILIGENDAMM, Alemanha (Reuters) - Grandes países em desenvolvimento prometeram fazer "a sua parte justa" no combate à mudança climática na sexta-feira, depois de uma reunião com líderes do G8 em que o presidente norte-americano, George W. Bush, pediu a sua ajuda.

Líderes do Brasil, China, Índia, México e África do Sul disseram, depois da reunião na cúpula do G8 na Alemanha, que apóiam a meta do G8 de lançar negociações em um acordo de longo prazo para o combate ao aquecimento global em uma reunião em Bali, Indonésia, em dezembro.

"Continuamos comprometidos a dar nossa parcela justa de contribuição para tratar da mudança climática", disseram os líderes dos países em desenvolvimento em uma declaração em conjunto com a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, depois da reunião em Heiligendamm.

Eles não apresentaram nenhuma meta específica para a redução da emissão de poluentes, especialmente de combustíveis fósseis. Cientistas dizem que os gases do efeito estufa causarão mais enchentes, secas, ondas de calor, disseminação de doenças e o derretimento de calotas de gelo polar.

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, citou Bush ao se dirigir aos países em desenvolvimento, dizendo que os líderes do G8 haviam concordado em "fazer o máximo no contexto das Nações Unidas" no combate ao aquecimento global.

"Mas para tanto, precisamos de vocês, e por vocês ele estava se referindo à China e à Índia", disse Barroso. O presidente chinês, Hu Jintao, e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, estavam presentes à reunião.

Os Estados Unidos são os maiores produtores de gases do efeito estufa do mundo, na frente da China, Rússia e Índia.

Os países em desenvolvimento dizem que os países ricos tiveram a sua vez, e foram os maiores emissores desde a Revolução Industrial. Eles alegam que os países em desenvolvimento têm de usar mais energia para dar fim à pobreza.

O G8 concordou na quinta-feira em realizar cortes "substanciais" nas emissões de gases do efeito estufa, frustrando as esperanças da Europa de fechar um acordo para a redução de emissões mundiais em 50 por cento em relação aos níveis de 1990 no prazo de 2050.

Os países em desenvolvimento disseram que convocaram "todas as partes para participar ativa e construtivamente das negociações de um acordo abrangente" para lançar as negociações em um acordo do clima de longo prazo em uma reunião em Bali, Indonésia, em dezembro.

Os países do G8 também concordaram em trabalhar em prol do lançamento de um acordo mundial na Indonésia que ficaria pronto em 2009. O pacto seria o sucessor do Protocolo de Quioto, que obriga 35 países ricos a cortar emissões em 5 por cento abaixo dos níveis de 1990 até 2008-2012.

A maior autoridade do clima da ONU elogiou o acordo dos países em desenvolvimento, dizendo que ele amplia as chances de lançar o acordo mundial em Bali.

"Este é um complemento muito importante àquilo que os países do G8 já concordaram," disse à Reuters Yvo de Bôer, chefe do Secretariado de Mudança Climática da ONU.