São Paulo - Embora mais associada aos rituais religiosos ou a protestos - como as greves de fome - o jejum é o meio mais eficiente de desintoxicação, de acordo com Paulo Eiró Gonsalves, médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e autor de "O que é Bom Saber", um guia sobre alimentos, exercícios e terapias alternativas.
Na Sexta-Feira Santa, não comer carne é uma forma popular de jejum dos católicos, assim como a proposta de se abster de comer ou de fazer algo durante a quaresma para lembrar a experiência de Jesus no deserto. Os evangélicos também adotam o jejum para fortalecer o espírito, dedicando mais tempo para as coisas espirituais e voltadas para Deus. Os judeus fazem jejum de um pôr-do-sol a outro para purificar a alma. Já Mahatma Gandhi teria jejuado em forma de protesto contra violência e a fome no mundo.
Incomum a essas práticas, o jejum como meio de desintoxicar o organismo pode parecer absurdo para a maioria das pessoas, além de ser considerado uma porta para distúrbios alimentares por alguns nutricionistas. No entanto, jejuar não significa parar de comer. "Requer seguir técnicas recomendadas por um médico que vão resultar em um bem-estar físico, já que estamos sempre nos intoxicando. É uma prática salutar que pode ir de 1 a 12 dias, mas sempre acompanhada dos períodos de pré e pós-jejum", diz Gonsalves.
Gonsalves conta que o jejum de curta duração pode ser feito sem acompanhamento médico, mas não dispensa a fase pré-desintoxicação. No primeiro período, é importante eliminar a ingestão de produtos animais, como carnes, peixes, ovos e derivados. No momento seguinte, a dieta deve excluir cafés, álcool, chocolate, sal e produtos químicos - todas substâncias excitantes, além de óleos e gorduras aquecidas. Na terceira etapa, óleos crus e gorduras cruas encontradas em nozes, avelãs, amendoins e castanhas-do-pará. Em seguida, retiram-se frutas e legumes cozidos. E, na última fase, são eliminados do cardápio frutas e legumes crus.
Durante o jejum pode se tomar água à vontade, além de chás e sucos. O período pós-jejum deve ser feito igual à fase pré-desintoxicação, no sentido inverso. "Essas etapas são de acordo com o período do jejum. Se jejuar durante um dia, as fases preparatória e pós-abstinência se referem a uma refeição, sendo dois dias de pré-jejum, o jejum e dois dias de pós-jejum", ensina Gonsalves.
MastigaçãoO médico lembra também que tão importante quanto escolher os alimentos da nossa dieta é dar atenção a como e quando fazemos as refeições. "A mastigação é a única oportunidade de triturarmos bem os alimentos. É fundamental para uma boa digestão, além de as pessoas ficarem satisfeitas com quantidade menor de alimentos, evitando engordar."
Líliam Raña
Líliam Raña