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05/06/2008 - 13h20

Salto alto fortalece musculatura pélvica, indica pesquisa

Giuliana Reginatto
De São Paulo
Símbolo fetichista e inimigo dos médicos ortopedistas, o sapato de salto alto pode estar próximo da redenção. O uso freqüente do calçado fortalece a musculatura pélvica e pode provocar um impacto positivo sobre a vida sexual feminina, segundo uma pesquisa feita pela urologista italiana Maria Cerruto. "Do ponto de vista urológico, uma diferente posição do tornozelo pode influenciar a atitude do pavimento pélvico", defende ela. A região, relacionada com o orgasmo, é conhecida como "musculatura do prazer".

Na controvertida pesquisa italiana, da qual participaram 66 mulheres, a urologista detalha o tamanho do salto ideal para o fortalecimento dos músculos pélvicos. De acordo com os cálculos dela, "o salto não deve ser superior a 7cm, isto é, deve haver uma inclinação da articulação de cerca de 10 ou 15 graus para que a paciente esteja confortável. O salto de cerca de 4 ou 5 cm seria o ideal".

Arquivo Folha Imagem
Pesquisa indica que o salto de 4 ou 5 cm pode fortalecer a musculatura pélvica, mas os médicos alertam para os riscos à coluna
Para a ortopedista Evelin Goldenberg, doutora em reumatologia pela Unifesp e profissional do Hospital Albert Einstein, a pesquisa é inconclusiva. "Seria necessário analisar umas 4 mil mulheres para se fazer uma afirmação como essa. O uso contínuo do salto é perigoso. Ele aumenta a chance de torcer o tornozelo, expõe a quedas freqüentes, o que é preocupante para quem apresenta osteoporose. O salto também acentua a curvatura da coluna, agravando as dores nas costas, e ainda encurta os músculos da panturrilha. Salto alto é um vilão, mas pode ser usado com moderação, como em festas".

O presidente da Sociedade Brasileira de Ginecologia Endócrina, o médico Elsimar Coutinho, não descarta a possível relação entre o uso do salto alto e o fortalecimento da pélvis. "Ao subir no salto, o corpo é projetado para a frente e a mulher, no esforço para equilibrar-se, faz uma contração isométrica. O esforço isométrico é um poderoso estimulante e pode reforçar a musculatura pélvica, mas o sexo bom não se mede apenas pela aptidão física. Há fatores hormonais, psicológicos", observa.

Fetiche - Para o diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, o terapeuta Oswaldo Rodrigues Jr., o salto pode expressar sentimentos de submissão ou dominação. "No caso dos saltos muito altos, com os quais a mulher fica praticamente sobre a ponta dos pés, sobressai a sensação de submissão, no sentido de ter o impedimento do movimento, de ter uma necessidade de ajuda para se locomover. Há também o homem submisso, que procura na parceira de salto alto a idéia de uma mulher dominadora", diz.

Na opinião de Rodrigues, a imagem erotizada do sapato de salto alto é uma convenção social. "Ao usar um salto, a curvatura da coluna aumenta, forçando uma lordose. Ou seja: o bumbum fica mais empinado, é preciso requebrar para caminhar melhor. Normalmente esperamos ver as mulheres de salto alto em festas, em ocasiões de apelo social. Esta situação é uma demonstração que insinua o seguinte: "estou mais disponível agora do que em outros momentos". É um código cultural partilhado por homens e mulheres. Note que a mulher, quando pretende se desvencilhar desta relação, faz uso de sapatos baixos. Não é à toa que as freiras, por exemplo, nunca usam saltos finos e altos".

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