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22/03/2007 - 08h32

ANA: Brasil tem o que comemorar no Dia da Água

O Dia Mundial da Água, celebrado hoje, é data para o Brasil comemorar em vez de baixar a cabeça. Esta é a opinião de José Machado, presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). Segundo ele, "o Brasil é um dos únicos países do mundo e o único da América Latina que tem instituições criadas e funcionando e um plano de recursos hídricos aprovado". Entre as conquistas brasileiras está a implementação de um programa de gestão inteligente da água, com a formação de comitês regionais com participação popular.


"Acho que o Brasil tem um rumo muito consistente, que não tem volta e só tende a crescer. Ainda falta muito para atingirmos um patamar em que possamos dizer que está consolidada nossa gestão hídrica. Mas, em dez, quinze anos, poderemos dizer que o Brasil está em céu de brigadeiro", disse à Agência Estado. Para Machado, a gestão adequada da água, além de preservar o meio ambiente, favoreceria o desenvolvimento do País. "A abundância de água no Brasil é uma vantagem para o desenvolvimento do País, que pode direcionar seus esforços produtivos na direção do bom uso do recurso."


Conservação


O Brasil concentra 12% da capacidade dos recursos hídricos mundiais. Tem uma disponibilidade de água estimada em 92 mil metros quadrados por segundo, volume suficiente para abastecer um número de pessoas cinco vezes superior à população mundial. Essa abundância "dá a medida da responsabilidade dos brasileiros quanto a sua conservação e uso sustentável, em nosso próprio benefício, do equilíbrio ecológico planetário e da sobrevivência da humanidade", cita o relatório GEO Brasil Recursos Hídricos, lançado no começo de fevereiro pelo MMA.


A abundância, no entanto, não significa que os brasileiros têm muita água para gastar. O professor Roberto Luiz do Carmo, do Núcleo de Estudos de População da Unicamp, alerta: "As pessoas têm água para beber no primeiro momento, mas no médio e longo prazo esta água está ameaçada." Carmo lembra que o recurso não se distribui igualmente no território brasileiro e que a disponibilidade da água é prejudicada pela tradição de jogar os esgotos doméstico e industrial nos rios.


Carmo destaca que é preciso preservar o meio ambiente para garantir o abastecimento. "Hoje, é como se a água fosse infinita, como se bastasse construir um sistema hidráulico para levar água para a casa das pessoas. Não é assim. Para fazer com que exista água, tem que preservar os mananciais e as matas ciliares, tem que plantar árvore, tem que cuidar de maneiras diferentes da natureza", considera.


Uso racional


A AMA indica que 46% do total de água extraída dos rios brasileiros é utilizado para irrigar culturas agrícolas e pastos de pecuária, 27% para o consumo humano e 18% para o uso industrial. O uso racional e o tratamento da água precisam ser feitos nesses três setores. Machado vê na ampliação da irrigação possibilidades de crescimento da economia brasileira. "Irrigamos pouco mais de 10% do nosso potencial hídrico. O Brasil pode fazer valer essa abundância e alavancar seu desenvolvimento, ao contrário da China, que tem pouca disponibilidade de água", comenta.


Para o presidente da AMA, a indústria também "vem fazendo uso racional da água. Somente a AmBev, produtora de bebidas, diz ter economizado nos últimos três anos água suficiente para abastecer uma cidade de 920 mil habitantes por um mês. Apesar dos esforços das indústrias em economizar, Carmo lembra que, "em termos de potencial, os rejeitos industriais depositados nos rios ainda são os mais preocupantes".


De acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), projetos de uso racional levaram à economia de água de 25% no Hospital das Clínicas, de 27% na Universidade de São Paulo e de 31% no Palácio dos Bandeirantes. Nas residências o consumo também diminuiu nos últimos cinco anos. Enquanto em 2000 a média de gasto per capta no Estado era de 250 litros por dia, atualmente esse valor gira em torno de 150 a 180 litros. Ainda é bastante levando em conta às recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU): 100 litros.


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