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17/04/2007 - 17h34

ONU pede prevenção de conflitos por escassez de recursos naturais

Montserrat Vendrell
Nações Unidas, 17 abr (EFE).- O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu hoje aos Estados-membros que previnam os conflitos que possam surgir devido à escassez de recursos, uma das conseqüências do aquecimento global.

Ban se manifestou em um debate especial do Conselho de Segurança, dedicado a discutir as implicações que as mudanças climáticas podem ter para a paz e para a segurança mundial. É a primeira vez que o órgão se reúne para tratar do tema.

"As coisas são mais fáceis quando todos podemos compartilhar a abundância, mesmo que em níveis diferentes", declarou Ban.

"Mas quando os recursos escasseiam - seja a energia, a água ou as terras cultiváveis - nossos frágeis ecossistemas são submetidos a pressões, o que pode levar a um colapso dos códigos de conduta estabelecidos, e, inclusive, a um conflito total", acrescentou.

Ban lembrou que, ao longo da história da humanidade, países e povos lutaram e, muitas vezes, travaram guerras pelos recursos naturais: gado, fontes de água, terras férteis, rotas comerciais, reservas pesqueiras, açúcar, petróleo, ouro e matérias-primas.

"Inclusive hoje, a provisão ininterrupta de combustíveis e minerais é um elemento-chave nas considerações geoestratégicas", explicou o secretário-geral da ONU.

Ban conclamou os países-membros da organização a renovar seu compromisso com a promoção de uma cultura de prevenção de conflitos armados, com que concordaram na cúpula mundial de 2005. Pediu, ainda, que cumpram com as resoluções relevantes do Conselho de Segurança nessa matéria.

Ban Ki-moon reforçou as idéias já emitidas em um documento pelo secretário-geral anterior, Kofi Annan, que expressava sua preocupação com as ameaças representadas pela degradação do meio ambiente e pela escassez de recursos.

"A degradação do meio ambiente tem o potencial de desestabilizar as regiões já conflituosas, especialmente quando existe um acesso desigual ou politizado aos poucos recursos", disse Ban, citando o documento.

O líder da ONU reforçou seu pedido para que os Estados-membros definam fórmulas que tenham como objetivo fazer com que todos possam "viver de forma sustentável com os recursos do planeta". Ressaltou, ainda, que, "comparado com o custo dos conflitos e suas conseqüências, o montante necessário para evitá-los é muito menor, não somente em termos financeiros, mas em vidas humanas e qualidade de vida".

Ban enfatizou que as inundações e as secas, bem como seus custos econômicos, podem polarizar as sociedades, e debilitar as instituições governamentais para a resolução de conflitos.

Do mesmo modo, assinalou que os fenômenos climáticos extremos e os desastres naturais também podem aumentar o risco de emergências humanitárias e provocar instabilidade e deslocamentos. Com isso, haveria escassez de recursos, como água, alimentos e energia, o que poderia gerar violência.

Por sua vez, o embaixador dos Estados Unidos, Alejandro Wolff, afirmou que "as mudanças climáticas representam sérios desafios", e ressaltou a estreita vinculação do tema com a segurança energética e o desenvolvimento sustentável.

O embaixador afirmou que os EUA exercem uma liderança e abordam a questão com o setor privado e outros grupos de maneira "construtiva, produtiva e efetiva". Wolff pediu ao resto do mundo que trate do assunto "com essa mesma consciência de realismo, para que não afete o crescimento e o desenvolvimento".

O debate foi convocado pelo Reino Unido, que exerce a Presidência rotativa do Conselho, mas foi rejeitado pelo Grupo dos 77 (que reúne os países em desenvolvimento) e pela China.

Em seu discurso, o embaixador adjunto do Paquistão, Faruk Amil, criticou o Conselho de Segurança, por usurpar as funções atribuídas a outros órgãos da ONU.

"Os temas da energia e do aquecimento global são vitais para o desenvolvimento sustentável, e seu debate cabe à Assembléia Geral, ao Conselho Econômico e Social (Ecosoc) e a outros órgãos subsidiários relevantes", declarou.

No entanto, a ministra de Relações Exteriores britânica, Margaret Beckett, que presidiu a reunião, se mostrou satisfeita com a atenção despertada pela sessão, que contou com a participação de 52 delegações.

Beckett qualificou o acontecimento de "histórico". Reconheceu, porém, que existem outros fóruns internacionais onde se pode discutir a questão, e nos quais é possível definir as bases para um acordo internacional sobre as implicações sociais e econômicas das mudanças climáticas.

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