27/05/2009 - 07h18
Paciente de câncer sem digitais tem problemas com a imigração dos EUA
Da BBC Brasil
Uma droga usada com frequência para o tratamento de pacientes com câncer pode levar ao desaparecimento das impressões digitais e provocar potenciais problemas durante viagens ao exterior, segundo adverte um oncologista em um artigo publicado numa revista especializada.
O médico cingalês Eng-Huat Tan relatou na revista "Annals of Oncology" o caso de um paciente que foi retido por quatro horas pelo serviço de imigração dos Estados Unidos antes de poder entrar no país.
Tan sugere que todos os pacientes que se submetem ao tratamento com a droga capecitabina levem consigo uma carta de seus médicos se forem viajar aos Estados Unidos.
Segundo o médico, baseado no Centro Nacional de Câncer de Cingapura, vários outros pacientes em tratamento com a capecitabina relataram em blogs na internet a perda das impressões digitais e problemas com a imigração dos Estados Unidos.
Efeitos colaterais
O paciente de Tan, um homem de 62 anos, teve um câncer de cabeça e pescoço controlado com a aplicação de quimioterapia. O médico prescreveu a capecitabina para evitar que a doença voltasse.
Um dos possíveis efeitos colaterais da droga, usada para o tratamento de diversos tipos de câncer, é uma inflamação crônica das palmas das mãos e das solas dos pés, levando à descamação, a sangramentos e à formação de bolhas na pele.
Esses efeitos podem levar à perda das impressões digitais se repetidos por um longo período.
O paciente de Tan viajou aos Estados Unidos em dezembro do ano passado, para visitar parentes no país, após três anos de tratamento com a capecitabina.
"Ele foi detido no aeroporto por quatro horas porque os funcionários da imigração não podiam detectar suas impressões digitais", diz Tan em seu relato.
Segundo o médico, o homem somente foi liberado após os funcionários se convencerem de que ele não representava uma ameaça à segurança do país.
Os Estados Unidos vêm exigindo há vários anos o registro das impressões digitais de visitantes estrangeiros na entrada ao país, como medida de segurança.