Um lagarto sem patas encontrado no Cerrado brasileiro foi reconhecido oficialmente como uma nova espécie.
A oficialização do reconhecimento do lagarto como nova espécie ocorre após a publicação de sua descrição na edição de setembro da revista científica "Zootaxa".
O lagarto
Bachia oxyrhina foi descoberto em janeiro na Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, durante uma expedição de pesquisadores de universidades brasileiras.
Na mesma expedição foram descobertas outras 13 prováveis novas espécies, que ainda não foram descritas oficialmente.
O
Bachia oxyrhina tem cauda e corpo alongados, o que dá a impressão de que não tem patas aparentes.
As patas do lagarto são rudimentares e não têm função locomotora, segundo o analista de biodiversidade da ONG Conservação Internacional (CI-Brasil) e coordenador da expedição, Cristiano Nogueira.
O pesquisador diz que o lagarto se locomove ondulando o corpo sobre o solo arenoso da região onde foi encontrado. O lagarto tem focinho afilado e é capaz de abrir caminho na superfície do solo.
Descrição Segundo Nogueira, a formalização da descrição científica de uma nova espécie representa o primeiro passo para seu melhor conhecimento pela comunidade científica internacional.
Nogueira diz que, com as descrições científicas, os pesquisadores têm condições de elaborar listas de espécies existentes em determinada área e mapear a biodiversidade e a importância biológica da região.
"Esses dados são essenciais para o planejamento de estratégias de conservação adequadas", afirma.
A descrição do
Bachia oxyrhina é a terceira de lagartos do mesmo gênero desde 2007.
"Esses acréscimos à lista de lagartos do Cerrado indicam que ainda estamos longe de conhecer a biodiversidade do bioma para conservá-lo adequadamente, um problema sério quando consideramos a rapidez da expansão agrícola da região", diz o pesquisador Miguel Trefaut Rodrigues, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
Primeiro autor da descrição da nova espécie, Rodrigues diz que a taxa de descoberta de novas espécies no Cerrado é considerada alta em comparação com a de outras regiões e indica que várias espécies podem ter sido extintas com a destruição do ambiente sem deixar traços.
A expedição no Cerrado contou com a participação de pesquisadores da CI-Brasil, do Instituto de Biociências e do Museu de Zoologia da USP, da Universidade de São Carlos e da Universidade Federal do Tocantins.
A iniciativa foi financiada pela Fundação O Boticário de Conservação da Natureza, com apoio da ONG Pequi-Pesquisa e Conservação do Cerrado.