08/04/2008 - 17h27
Pessoas com depressão podem ser mais propensas ao Alzheimer
Da BBC Brasil
Pessoas que tiveram depressão podem estar mais sujeitas a desenvolver o mal de Alzheimer, de acordo com dois estudos.
Pesquisadores holandeses constataram que pacientes com histórico de depressão têm duas vezes e meia mais chances de vir a sofrer do mal de Alzheimer.
Especialistas norte-americanos, em estudo com o clero católico, concluíram que aqueles com sinais de depressão tinham mais chances de desenvolver a condição.
O estudo holandês aparece na revista científica Neurology, e o americano, na revista "Archives of General Psychiatry".
Primeiro estudo
A amostragem usada no estudo holandês foi pequena - 486 pessoas foram monitoradas ao longo de seis anos e apenas 33 desenvolveram o mal de Alzheimer.
Segundo esse estudo, pessoas que apresentaram sinais de depressão ao longo da vida têm duas vezes e meia mais chances de sofrer do mal de Alzheimer.
Se tiverem depressão antes dos 60 anos, as chances são quatro vezes maiores.
Os pesquisadores, do Erasmus University Medical Center, em Roterdã, disseram que são necessárias mais pesquisas para explicar melhor a relação entre o Alzheimer e a depressão.
A responsável pela pesquisa, Monique Breteler, disse: "Nós não sabemos ainda se a depressão contribui para o desenvolvimento do mal de Alzheimer, ou se outro fator desconhecido provocaria tanto a depressão quanto a demência".
Uma teoria é que a depressão levaria à perda de células em duas regiões do cérebro, o hipocampo e a amídala, contribuindo para o Alzheimer.
Entretanto, o mesmo estudo não encontrou diferenças no tamanho dessas duas áreas do cérebro em pacientes com depressão e em pessoas que nunca sofreram da condição.
Segundo estudo
Os resultados do estudo holandês foram confirmados em outro, feito na Rush University, nos Estados Unidos.
Os americanos monitoraram mais de 900 integrantes do clero católico durante 13 anos.
Nesse período, 190 passaram a sofrer de Alzheimer.
Os especialistas verificaram uma maior probabilidade de desenvolver o mal de Alzheimer em indivíduos que apresentaram mais sinais de depressão no começo do estudo.
Nesse estudo, os pesquisadores queriam investigar uma outra teoria, de que a depressão seria uma conseqüência da doença.
Mas encontraram pouca evidência disso, já que não houve um aumento nos sintomas de depressão durante os primeiros estágios de desenvolvimento do Alzheimer.
Também não ocorreu um aumento geral nos sinais de depressão após o diagnóstico.
Segundo os pesquisadores, esse estudo sugere que a depressão é um fator de risco no desenvolvimento do mal de Alzheimer - e não um primeiro sinal de que a pessoa estaria desenvolvendo a demência.
Para o pesquisador Robert Wilson, da equipe da Rush University, a depressão deixaria o cérebro mais vulnerável.
"Os sintomas depressivos podem estar associados a mudanças distintas no cérebro que de alguma forma reduziriam a reserva neural, que é a habilidade do cérebro de tolerar a patologia associada ao mal de Alzheimer", disse Wilson.
Representantes de entidades de fomento à pesquisa sobre o mal de Alzheimer deram boas vindas aos estudos e disseram que mais pesquisas são necessárias para tentar esclarecer a relação entre a depressão e a demência.