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12/11/2007 - 16h14

IPCC alerta que não agir contra as mudanças climáticas é um ato criminoso

Da AFP
Na Espanha

AFP/Greenpeace

Cartazes do Greenpeace expostos na abertura dos trabalhos do IPCC em Valência, na Espanha

Cartazes do Greenpeace expostos na abertura dos trabalhos do IPCC em Valência, na Espanha

"Não agir contra o aquecimento global seria criminoso e irresponsável", afirmou nesta segunda-feira Yvo de Boer, secretário executivo da Convenção sobre as Mudanças Climáticas da ONU, no início dos trabalhos do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), o grupo de especialistas sobre o clima reunidos em Valência, na Espanha.

"As mudanças climáticas já começaram a golpear com mais intensidade os países mais pobres e mais vulneráveis", advertiu o secretário durante a conferência de abertura dos trabalhos do IPCC, que recebeu o prêmio Nobel da Paz deste ano, junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore.

Essas sessões, que vão durar uma semana, devem ratificar o quarto informe sobre as mudanças climáticas, que será utilizado de referência durante os próximos cinco anos.

"Cada um sentirá o impacto das mudanças climáticas, e a vida de alguns está ameaçada", assinalou Boer. Entretanto, "uma ação conjunta iniciada desde agora permitiria evitar conseqüências mais catastróficas", disse, destacando a necessidade de "vontade política".

"Não reconhecer a urgência desta mensagem e a necessidade de se atuar contra o fenômeno será algo criminoso e irresponsável, já que não atuar constituirá um ataque direto contra os mais pobres dentre os mais pobres", insistiu.

Desde janeiro, IPCC publicou três grandes capítulos deste relatório - avaliação científica do fenômeno, conseqüências e soluções possíveis - que confirmaram a amplitude e as graves conseqüências do aquecimento global.

Segundo as conclusões deste informe, haverá um aumento da temperatura mundial de 1,1 a 6,4°C em relação ao período 1980-1999 antes de 2100, com um valor médio compreendido entre 1,8 y 4°C.

A atividade humana produtora do gás de efeito estufa é claramente responsável pelos aumentos de temperatura já constatados, concluiu o IPCC.

Este painel da ONU, que estuda e reúne as pesquias realizadas por milhares de cientistas de todo os países, deve agora aprovar a síntese dos três capítulos e publicar um resumo dirigido às autoridades encarregadas de tomar decisões.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estará presente na entrevista coletiva à imprensa para apresentar o documento no dia 17 de novembro.

Em seus últimos três estudos, o IPCC apresentou conclusões sobre o aumento das temperaturas, a alta dos oceanos, a multiplicação das ondas de calor e derretimento da camada de gelo. A seguir, um resumo:

AVALIAÇÃO CIENTÍFICA:

- A mudança do clima é inequívoca e as emissões de gases de efeito estufa, provocadas pelas atividades humanas (principalmente gás, carvão, petróleo) são responsáveis (90% de certeza) pelo aumento das temperaturas nos últimos cem anos (+0,74°C).

- A temperatura mundial deve aumentar entre 1,1 e 6,4°C em relação a 1980-1999 até 2100, com um valor médio mais seguramente compreendido entre 1,8 e 4°C. O aquecimento será mais importante nos continentes e nas latitudes mais elevadas.

- O aumento da temperatura foi duas vezes mais importante no Polo Norte do que na média mundial nos últimos 100 anos, provocando o derretimento acelerado da camada de gelo.

- O nível dos oceanos poderá, segundo as previsões, subir de 0,18 m a 0,59 m no final do século em relação ao período 1980-1999.

- Os calores extremos, ondas de calor e fortes chuvas continuarão sendo mais freqüentes e os ciclones tropicais, tufões e furacões, mais intensos.

- As chuvas serão mais intensas nas latitudes mais elevadas, mas diminuirão na maioria das regiões emersas subtropicais.

PRINCIPAIS IMPACTOS:

- Inúmeros sistemas naturais já estão afetados e os mais ameaçados são a tunda, as florestas setentrionais, as montanhas, os ecossistemas mediterrâneos e as regiões costeiras.

- Até 2050, a disponibilidade de água deve aumentar nas latitudes elevadas e em certas regiões tropicais úmidas, mas a seque deve se intensificar nas regiões já afetadas.

- 20 a 30% das espécies vegetais e animais estarão ameaçadas de extinção se a temperatura mundial aumentar de 1,5 a 2,5°C em relação a 1990.

- A produção agrícola deve aumentar levemente nas regiões de médias e altas latitudes (frias) se o aumento da temperatura se limitar a menos de 3°C, mas poderá diminuir se ultrapassar esse limite. Nas regiões secas e tropicais diminuirão tão logo ocorra um aumento local das temperaturas de 1 a 2°C.

- Milhões de pessoas se verão afetadas pela má nutrição, as enfermidades ligadas às ondas de calor, as inundações, as secas, as tempestades e os incêndios.

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