26/03/2009 - 23h50
Além do estilo de vida, suporte social é parte do envelhecimento saudável
Por Cristina Almeida
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Alimentar-se adequadamente, manter-se numa faixa de peso adequada e praticar exercícios regularmente são medidas já consagradas pela ciência. Na opinião do geriatra Clineu de Mello Almada Filho, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), essa é a receita para envelhecer bem.
Almada revela que a geriatria hoje está muito empenhada em estudar o processo de desenvolvimento de doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson, mas também tem se ocupado com o esclarecimento das causas que levam a envelhecer de maneira saudável.
Ele concorda com o fato de que os segredos sobre envelhecimento e longevidade apontam para a genética, mas acrescenta que "as alterações metabólicas que sofremos durante o processo de envelhecimento, as questões nutricionais e o papel da atividade física organizada são outras linhas de pesquisa em evidência na atualidade".
Expectativa de vida
No início da década de 2000 o IBGE já apresentava um prognóstico de que, em 20 anos, o país estaria em 6º lugar no ranking de países com população acima dos 60 anos.
As perspectivas levam a crer que, em 2025, esse grupo representará 15% do todo, contra os 6% apurados naquele período. Esses dados evidenciam o aumento do número de idosos na população e, consequentemente, elevam o fator de risco para doenças degenerativas.
Estima-se que hoje 10% dos indivíduos com mais de 60 anos apresentem essa propensão. Conforme relata Almada, nos grupos com mais de 85 anos, a prevalência da doença de Alzheimer se aproxima aos 50%.
Diante do aumento do número de idosos, o geriatra se diz otimista em relação ao futuro e conta que, embora ainda haja muito por fazer, algumas medidas já começam a dar resultados positivos. Cita como exemplo o acesso a medicamentos para tratamento de doenças degenerativas através do Sistema Único de Saúde (SUS) e as campanhas de vacinação contra gripe e pneumonia, importantes causas de morbidade e mortalidade nesse grupo.
Suporte social
Para o especialista, uma questão a ser melhorada é o estímulo ao suporte familiar, situação que ele entende ser muitas vezes escassa ou baseada na contribuição econômica que o idoso possa fornecer aos filhos que o assistem (apesar da parca aposentadoria).
Se o estilo de vida tem sido considerado um dos fatores mais importantes para a longevidade e o envelhecimento, a questão psicoafetiva não pode ser desprezada: "a forma como o idoso se relaciona em seu ambiente poderia reduzir a possibilidade de segregação em seus meios", diz.