Aproximadamente 85% dos casos de infecção urinária são causados por uma bactéria chamada
Escherichia coli, um microorganismo comumente encontrado no intestino humano. Os 15% restantes são provocados por microorganismos diversos, inclusive a
Pseudomonas aeruginosa, agente que levou a modelo capixaba Mariana Bridi da Costa, 20 anos, à morte no último sábado.
"Infecções por
Pseudomonas são menos comuns, mas acontecem", afirma o urologista Fernando Almeida, livre docente da Universidade Federal de São Paulo. Isso significa que o caso de Mariana não está relacionado a algum tipo de surto.
O médico explica que, em geral, o organismo é capaz de vencer a bactéria sem maiores problemas. Quando o corpo, por algum motivo, não combate o germe e ocorre uma infecção urinária, com inflamação da bexiga (cistite), o quadro é combatido facilmente com antibióticos.
O problema é quando a infecção atinge os rins, a chamada pielonefrite. "Os rins são órgãos muito vascularizados, por isso o risco de a infecção cair no sangue e se espalhar é alto", diz. A consequência pode ser a septicemia, uma infecção generalizada grave e fatal. Foi o que ocorreu com a modelo, que chegou a amputar as mãos enquanto esteve internada.
O urologista explica que infecções urinárias são comuns por questões anatômicas - a região próxima da uretra é bastante colonizada por bactérias que, ao entrar no canal urinário, provocam uma reação do organismo. Nas mulheres, o problema é ainda mais frequente, já que a uretra feminina é mais curta.
Os sintomas da infecção urinária são ardor e urgência para fazer xixi, urina com odor fétido e, em alguns casos, com sangue. Quando os rins estão envolvidos, a pessoa ainda tem febre, calafrios e dor na coluna lombar. Nesse caso, o tratamento às vezes exige a administração de antibióticos por via endovenosa.
PrevençãoMesmo quem se preocupa com a higiene íntima pode ter infecções urinárias. Certas mulheres, por questões hereditárias, têm cistites recorrentes (três ou mais vezes ano ano), o que às vezes requer tratamento preventivo com antibióticos fracos.
A quantidade de parceiros sexuais também está associada a infecções, de acordo com Almeida.
Para prevenir o problema, além da higiene adequada, é importante tomar bastante líquido (2 a 3 litros por dia), urinar antes de dormir e após as relações sexuais, e evitar banhos de imersão ou duchas verticais depois do sexo.
O urologista também faz um aviso para quem cai na tentação de tratar a infecção urinária por conta própria, com o antibiótico usado pela amiga ou em uma ocasião anterior. "A automedicação pode levar ao crescimento de bactérias resistentes e a problemas bem piores que a cistite", alerta.