Uma empresa norte-americana anunciou nesta sexta-feira ter obtido o ok da FDA, agência reguladora de medicamentos nos Estados Unidos, para testar, pela primeira vez, células-tronco de embriões em humanos. Para a geneticista Lygia da Veiga Pereira, da Universidade de São Paulo, o fato pode ser comparável à aprovação, há mais de 40 anos, do primeiro transplante de coração em humanos.
A pesquisadora faz parte do grupo que desenvolveu a
primeira linhagem de células-tronco embrionárias 100% brasileiras, no ano passado, trabalho possível apenas depois que a pesquisa com esse tipo de células
foi considerada constitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Pereira lembra que, no início, os transplantes de coração eram procedimentos extremamente delicados, com uma taxa de sucesso muito baixa. "Mas as técnicas foram se aperfeiçoando e, hoje, ninguém duvida que é uma prática eficaz", diz.
"É um momento histórico no mundo: pela primeira vez, vamos ver se as células-tronco embrionárias terão, nos pacientes, o mesmo efeito terapêutico demonstrado em animais", enfatiza.
Mas ela pondera que a primeira fase de estudos em humanos, que terá como objetivo principal avaliar a segurança da terapia, pode levar muitos anos. "Não podemos prever se os pacientes tratados com essas células-tronco poderão desenvolver tumores e em quanto tempo", explica.
Brasil está atrasado Indagada sobre a possibilidade de testes como esse serem feitos no Brasil, ela ressalta que só no ano passado é que as pesquisas foram alavancadas no país, com a criação da primeira linhagem de células-tronco embrionárias.
A demora na aprovação provocou um atraso de pelo menos dez anos no andamento das pesquisas aqui, em relação aos Estados Unidos. O que não significa que um teste clínico com humanos deva levar tudo isso para acontecer no Brasil. "Há uma vontade política para os avanços nessa área, tanto que no ano passado o governo federal anunciou o investimento de R$ 21 milhões para a construção de laboratórios", avalia.
Pesquisa nos EUAO presidente da Geron Corporation, empresa californiana que fará os primeiros estudos em humanos, afirmou que o primeiro passo dos testes será determinar a segurança da terapia. A empresa irá injetar de oito a dez pacientes que sofreram danos na medula com células-tronco derivadas de células embrionárias, segundo ele.
"É um marco importante de avanço para o campo" porque a Geron passou nos requisitos de segurança necessários para conseguir uma aprovação federal, disse Ed Baetge, cientista chefe da Novocell Inc., empresa que espera começar um teste semelhante para o tratamento da diabete em alguns anos.
está depositada nesse teste", disse Wise Young, da Universidade Rutgers.
Com informações das agências internacionais