O governo do Paraná transformou em lei nesta quinta-feira (20) projeto do Executivo Estadual que proíbe o fumo no interior de veículos que estejam transportando crianças ou em eventos destinado a elas. A medida atinge principalmente o transporte escolar e os locais públicos, mas deve ser seguida também de campanha no rádio e TV para alertar os adultos sobre o hábito de fumar em locais fechados, incluindo as próprias residências e os automóveis particulares.
Considerado doença pela Organização Mundial da Saúde, o tabagismo já matou mais de 100 milhões de pessoas. Atualmente, mata 3,5 milhões ao ano, número superior à soma das mortes provocadas pelo vírus da Aids, pelos acidentes de trânsito, pelo consumo de álcool, cocaína e heroína e pelo suicídio. Só no Brasil, morrem cerca de 200 mil pessoas em decorrência de doenças relacionadas ao fumo. Leia mais |
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O decreto assinado pelo governador Roberto Requião, que ainda depende de regulamentação para determinar a fiscalização e as penalidades, complementa lei número 14.743/05, que já previa restrições contra o hábito do fumo, considerado a principal causa de morte evitável no mundo.
"Está claro que o tabagismo é um problema de saúde pública. Precisamos criar barreiras e conscientizar cada vez mais as pessoas dos males que o cigarro causa para a saúde, não só dos fumantes, mas também dos chamados fumantes passivos, que sofrem as conseqüências do tabagismo. Quando se trata de crianças, então, o problema é ainda maior", afirmou nesta sexta-feira (21), o secretário de Saúde, Gilberto Martin.
Estudo da OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que aproximadamente 700 milhões de crianças, ou seja, quase a metade da população infantil mundial, são fumantes passivas, principalmente devido ao hábito de fumar de seus pais.
O médico-pediatra Vilmar Mendonça Guimarães assinala que a inalação passiva de fumaça faz com crianças absorvam de 1.500 a 2.000 substâncias tóxicas que podem desencadear e piorar o estado de Saúde daqueles que têm predisposição para doenças como asma e rinite.
O Inca (Instituto Nacional do Câncer) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) divulgaram, em outubro deste ano, estudo que mostra que pelo menos sete brasileiros não-fumantes morrem a cada dia devido a doenças provocadas pelo tabaco.
"O tabagismo continua sendo a causa de milhões de mortes no mundo e a expectativa é que esse número continue crescendo. Fumar perto de crianças faz com que estas sejam fumantes passivas e tenham pior qualidade de vida", afirma o pneumologista carioca Roberto Rodrigues Jr.
Fumar em ambientes com crianças, segundo ele, pode gerar uma série de problemas à saúde, como maior risco de pneumonias, sinusites, amigdalites, asma brônquica, traqueobronquites e a indução ao hábito do tabagismo. Aos pais que têm dificuldade em parar com o vício, o aconselhável é fumar em locais onde a criança não transite. "Não adianta fumar em janelas ou portas, o ideal é que saia de casa e evite poluir o ambiente domiciliar", alerta Rodrigues Jr.
Em Curitiba, a média de fumantes é de 17,9%, segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em julho e agosto deste ano. O número de mulheres fumantes na capital paranaense é o terceiro do país (16,5%), atrás apenas de Porto Alegre (20,1%) e Rio Branco (18,7%). Os homens fumantes representam 19,6% da população - 18° lugar entre as capitais.