Rim é o órgão mais esperado na fila de transplantes

Crys Araújo
Especial para o UOL Ciência e Saúde

Rim é o órgão mais procurado por quem busca um transplante. A fila inclui quase 35 mil pessoas, praticamente metade do total de pacientes que precisam de um órgão doado.

Para quem consegue o transplante, livrar-se das sessões de hemodiálise traz a sensação de voltar à vida. "As picadas de agulha são muito dolorosas e, além disso, não podia trabalhar", conta Alexandre Aparecido Marriel, 35 anos, que teve um rim transplantado há quase um ano, após sete anos e meio na fila.

"Quando fazia hemodiálise, era como seu eu vegetasse. Sentia náuseas, frio, câimbras e muita sede, sem poder beber água. Voltei a viver há sete anos, depois de ganhar um rim de um dos meus irmãos", conta Luiz Carlos Borges, 48 anos.

Transplantes intervivos

O rim é um dos órgãos que podem ser recebidos de doadores vivos, já que uma pessoa saudável pode viver com apenas um órgão. Mas há critérios a serem obedecidos: o doador deve ser juridicamente capaz, apresentar boa saúde e, caso o receptor não seja parente até quarto grau ou cônjuge, é preciso conseguir uma autorização judicial.

Foi o caso de Rosária Eugênia Pulheze, 39 anos, que, além de enfrentar inúmeras sessões de hemodiálise, teve que aguardar a decisão da Justiça para receber o rim da ex-sogra, pois uma doença renal hereditária impedia que alguém da família da receptora pudesse fazer a doação."Ela sonhava me ver bebendo água e realmente tomei muita depois da cirurgia", conta.

Partes do fígado (aproximadamente 70%) e do pulmão também podem ser doadas em vida. No caso do pâncreas, é possível doar metade do órgão em casos muito específicos, mas o médico Adriano Miziara, coordenador dos transplantes de fígado do Hospital São Paulo, enfatiza que o procedimento é arriscado. "O pâncreas não se regenera, por isso o doador pode desenvolver diabetes", explica.