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15/08/2008 - 21h14

Hospital italiano lança programa de assistência online para portadores de bulimia

Cristina Almeida
Especial para o UOL Ciência e Saúde
O problema que possuo é a comida. Estou com raiva porque me disseram que sou bulímica, mas não sou só isso! Sempre estive acima do peso e, por essa razão, fiz várias dietas com resultados mais ou menos satisfatórios. Por dez anos fui medicada com anfetaminas que me tiravam a fome. Me bastava uma maçã... Há três anos o remédio foi cortado... Sem ele, comecei e ingerir grande quantidade de alimentos, sentindo que estava perdendo o controle sobre tudo. Tenho obsessão por comida e por peso. Me enterro nas máquinas que vendem salgadinhos nas estações e praticamente as saqueio... Nos últimos tempos estou muito assustada porque levanto à noite e como tudo o que encontro, inclusive o que estiver congelado. Mesmo me sentindo envergonhada, para manter o peso, vomito escondida de todos. Minha vida é como uma espiral que gira em torno da amada/odiada comida.

Orientação é o termo que melhor designa o tipo de trabalho feito por psicólogos pela Internet no Brasil. Isso porque, em 2005, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) decidiu regulamentar o atendimento online, por entender que os efeitos e riscos desse tipo de serviço ainda são pouco estudados. Leia mais
PSICOLOGIA ONLINE
O depoimento acima, escrito por uma portadora de bulimia, foi extraído de um projeto-piloto de assistência psicológica virtual criado na Itália para tratar distúrbios alimentares. A iniciativa foi do psiquiatra Luigi Zappa, do Hospital San Gerardo de Monza, em Milão.

Zappa explica que o serviço é pioneiro na Itália e tem como uma das principais vantagens o baixo custo envolvido. A necessidade de um instrumento como esse surgiu com o aumento dos transtornos alimentares no país nos últimos anos. Só em 2007, o hospital atendeu 1.200 pessoas com o problema.

O tratamento é fundamentado nos princípios das terapias cognitivo-comportamentais. O usuário percebe como o problema interfere na sua vida e é motivado a desenvolver novas formas de lidar com a questão.

Virtual,ma non troppo

Para ter acesso à terapia, que é gratuita, o usuário deve ser maior de idade e não pode ter nenhuma tentativa de suicídio em seu histórico clínico. Também é preciso passar por uma consulta presencial em que o os especialistas avaliam se o candidato está apto a lidar com a nova alternativa.

Durante as oito etapas do programa, os pacientes são monitorados e recebem feedbacks contínuos, além de e-mails para mantê-los estimulados. "O programa foi desenvolvido a partir das situações cotidianas que podem desencadear uma crise e o círculo vicioso que freqüentemente a acompanha", relata o médico.

A cada semana, os participantes devem fazer uma espécie de lição de casa, cujo nível de aproveitamento autorizará ou não sua passagem para a fase seguinte do processo. Ao todo, são oito etapas, por isso o programa foi batizado de Web.8.

Expectativa para o futuro

O piloto, iniciado há seis meses, contou com a participação de 13 pacientes que passarão por avaliação final em fevereiro de 2009. "A expectativa é a redução dos sintomas bulímicos (diminuição dos excessos alimentares e vômitos)", informa Zappa.

Apesar das vantagens do uso da Internet como ferramenta terapêutica, o médico italiano reconhece seus limites: "profissionais e pacientes devem lembrar que existem fatores críticos ligados a essa tecnologia que se contrapõem à própria definição de psicoterapia. Essa é a razão por que o programa deve ser usado e visto como um meio e não como um fim", pondera.


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