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07/04/2008 - 21h01

Escrever sobre as próprias experiências ajuda pacientes com câncer

Cristina Almeida
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Orlando era um executivo que nunca estava em casa. Um dia, no avião que o levava para mais um trabalho na China, sentiu uma terrível dor nas costas que o imobilizou. Após uma série de dificuldades, desde estar num hospital sem poder falar sua própria língua, problemas consulares e diagnósticos imprecisos, descobriu alguns meses depois que tinha um câncer no pâncreas.

Em seu livro publicado recentemente no Brasil ("Abra seu coração - O poder de cura através da expressão das emoções", Ed. Gente), o psicólogo James Pennebaker, professor da Universidade do Texas, afirma que escrever sobre experiências desagradáveis ajuda a melhorar o ânimo, diluir a raiva e até fortalecer o sistema imunológico.

Pennebaker reuniu uma série de estudos para comprovar sua tese. "Já se descobriu que escrever sobre reviravoltas emocionais melhora a saúde física e mental de crianças do ensino fundamental, enfermeiras, doentes que sofrem de artrite, alunos de escolas de medicina, presos, mães que deram à luz recentemente e vítimas de estupro", enumera.Leia mais
EMOÇÕES NO PAPEL
"Num primeiro momento piorei, condoído pelas minhas penosas dificuldades. Em seguida fiquei melhor. Meu estilo de vida mudou profundamente. Os problemas se transformaram em meros acidentes da vida, e não são mais fonte de ansiedade cotidiana. Aprecio tudo, pois o que conta para mim é o momento que vivo e como vivo. Apesar da doença que tenho dentro, sinto que somente agora sei o que é viver. Quando eu não tinha câncer, a vida não era triste: haviam as satisfações econômicas e o trabalho, mas uma vida afetiva, aquela que eu tanto ansiava, não existia. Agora, a minha vida é muito mais bela".
Trecho do livro "Il tempo del male, il tempo del bene" (O tempo do mal, o tempo do bem), de Tina Ressico, Ed. Bompiani (sem trad. para o português)

Mirko era um jovem como outro qualquer, cuja maior preocupação era saber onde passaria as férias de verão, até que descobriu que tinha um câncer no testículo.

"... chamei Bárbara e contei que a minha tristeza vinha do medo que eu sentia de nunca poder ser amado por uma mulher; mulher essa que deveria estar consciente da minha impossibilidade de ter filhos... Para mim, esse peso se tornara uma obsessão. Me aterrorizava o pensamento de ter que iniciar novas relações com as garotas... Caminho pelas ruas da minha cidade com medo de que as pessoas me vejam como se eu fosse diferente. Sim, talvez eu seja diferente. Faço parte do exército silencioso daqueles que conheceram o limite de uma estrada sem saída. Sorrio e penso que a vida é belíssima. Conheci o medo e entendi que, às vezes, o medo pode salvar uma vida".
Trecho do livro "Concerto a sei mani" (Concerto a seis mãos), Mirko Grillo, Barbara Diodato e Luiza Tavazzani, Ed. IEO (sem trad. para o português)

Alguns tipos de alimentos, se consumidos regularmente durante longos períodos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula cancerosa necessita para surgir, se multiplicar e se disseminar. Esses alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação. São os ricos em gorduras, tais como carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas, lingüiças, mortadelas, entre outros. Leia mais
DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA O CÂNCER
NUTRIENTES E CÂNCER
Esses são fragmentos das histórias contadas por pacientes do Instituto Europeu de Oncologia, em Milão. Durante o tratamento contra o câncer, eles foram convidados a participar da oficina de escrita organizada por Manuela Belingardi, presidente da Associação Sottovoce (em português "Em voz baixa"), cujo objetivo é dar apoio a doentes e familiares que freqüentam o hospital.

"Incentivá-los a escrever, de algum modo, ajuda a afastar a dor e o sofrimento", diz Belingardi, que adotou a causa após ter presenciado horas difíceis de parentes próximos com câncer.

A inspiração para incentivar pacientes em tratamento para o câncer a escrever veio do Texas. O professor e psicólogo James Pennebaker, há anos realiza pesquisas sobre o poder de cura da expressão das emoções. Seus estudos concluíram que escrever sobre experiências traumáticas melhora o sistema imunológico e as pessoas passam a ter uma visão mais positiva diante da vida.

A associação realiza cursos gratuitos com uma psicóloga especializada em comunicação e já produziu centenas de textos que se transformaram em livros. Quem não se sente em condições de escrever, pode contar com uma equipe de ghostwriters-voluntários, que estão disponíveis para ouvir e passar para o papel as sensações dos pacientes.

Nos últimos 5 anos, a Sottovoce publicou mais de 300 mil livros, disponibilizados na biblioteca do hospital. Muitos deles foram para as livrarias. Além disso, lançou um blog para os pacientes compartilharem suas experiências.

O trabalho também já rendeu outros frutos: a oficina literária inspirou roteiros que se transformaram em peça de teatro itinerante na Itália. O próximo passo é o cinema - está prevista para este ano a filmagem de curtas-metragens com as histórias mais tocantes.

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