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01/06/2007 - 11h30

Europeus recebem com frieza plano de Bush contra aquecimento

Jeff Mason
de Essen, Alemanha
O plano do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para enfrentar as mudanças climáticas foi recebido com frieza na sexta-feira pelos europeus. O comissário do Meio Ambiente da União Européia (UE), por exemplo, considerou o plano pouco ambicioso e na "clássica linha norte-americana".

Bush, pressionado para adotar medidas antes da cúpula do Grupo dos Oito (G8) que acontece na próxima semana na Alemanha, disse na quinta-feira que tentaria, até o final de 2008, selar um acordo com os maiores emissores de poluentes do mundo sobre cortes a longo prazo das emissões de gases do efeito estufa.

"A declaração dada pelo presidente Bush repete basicamente a linha clássica norte-americana a respeito das mudanças climáticas -- nada de reduções obrigatórias, nada de comércio de carbono e objetivos vagos", afirmou o comissário de Meio Ambiente, Stavros Dimas, segundo a porta-voz dele.

"A postura dos EUA tem se mostrado ineficiente quando se trata de garantir a redução das emissões", disse Dimas.

Bush defendeu a adoção de um plano de longo prazo no qual os 15 maiores emissores de poluentes do mundo, liderados pelos EUA, China e Índia, realizariam cortes. A manobra representa uma mudança em relação à postura atual do governo norte-americano, que vai permitir um aumento nas emissões de gases do efeito estufa.

Alguns jornais apresentaram o plano de Bush como uma derrota para a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que deseja ver o G8 concordando com a necessidade de que o mundo corte em cerca de 50 por cento, até 2050, as emissões de gases do efeito estufa.

"Um dos costumes das cúpulas do G8 é o de que os outros participantes confiram ao país anfitrião um sucesso a respeito de um assunto importante", afirmou o Financial Times Deutschland, em um editorial.

"O fato de Bush ter ignorado isso representa uma afronta e, agindo assim, ele tornou ainda pior a derrota de Merkel", disse a publicação. Na Grã-Bretanha, o jornal The Guardian afirmou que "Bush mata as esperanças de que surja um plano do G8 sobre o clima".

Relatórios divulgados neste ano pela Organização das Nações Unidas (ONU) prevêem ondas de calor, enchentes, processos de desertificação e problemas com a elevação do nível do mar ainda piores devido ao aumento das temperaturas decorrente do acúmulo de gases do efeito estufa. Esses gases são produzidos principalmente na queima de combustíveis fósseis. A UE pretende diminuir suas emissões em 20% até 2020.

Alguns dirigentes, entre os quais o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, principal aliado de Bush no Iraque, receberam com satisfação a mudança de postura do governo norte-americano.

O comissário de Energia da UE, Andris Piebalgs, elogiou o plano. "Para mim, essas são notícias muito boas e muito bem-vindas", afirmou, em Helsinque. "Isso representa uma postura totalmente diferente do governo dos EUA."

O próprio Dimas observou que José Manuel Barroso, presidente da Comissão Européia, e Merkel haviam destacado o fato de o plano de Bush ao menos criar mais espaço para o diálogo.

Pelo Protocolo de Kyoto, 35 países comprometeram-se com, até 2008-2012, cortar para um patamar 5% inferior aos níveis de 1990 as emissões de gases do efeito estufa.

Bush decidiu contra a implementação desse acordo em 2001, argumentando que o Protocolo faria diminuir a oferta de empregos no território norte-americano e havia errado ao excluir dos limites compulsórios os países em desenvolvimento.

(Com reportagem de Dave Graham em Berlim, Benjamin Kam lim e Emma Graham-Harrison em Pequim, Paul Simão em Pretória, Tarmo Virki em Helsinque, Jeremy Lovell e Gerard Wynn em Londres)

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