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04/05/2007 - 08h32

Combate ao aquecimento global pode ter custo baixo, revela relatório

David Fogarty
BANGCOC (Reuters) - Os humanos precisam fazer cortes profundos nas emissões de gases nocivos nos próximos 50 anos para manter o aquecimento global sob controle, mas isso pode custar apenas uma pequena fração da produção mundial, disse nesta sexta-feira um relatório da Organização das Nações Unidas.

O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), no terceiro de uma série de relatórios, disse que a manutenção do aumento das temperaturas dentro da margem de 2 graus centígrados custaria apenas 0,12% do produto interno bruto anual.

"O preço a ser pago é baixo para reduzir o risco de um grande prejuízo climático", disse Bill Hare, assessor do Greepeace que participou da elaboração do relatório, em entrevista à Reuters depois do final da maratona de negociações, que foram além dos quatro dias previstos.

"É um ótimo relatório, muito forte, e mostra que é economicamente e tecnicamente viável manter as reduções de emissões no nível suficiente para limitar o aquecimento a 2 graus", afirmou.

"Mostra que o custo de fazer isso é bem modesto."

Para manter a margem de 2 graus de aquecimento, que cientistas dizem ser necessária para evitar mudanças desastrosas no clima mundial, é preciso que as emissões de dióxido de carbono caiam entre 50% e 85% até 2050, diz o relatório.

Mas avanços tecnológicos -- principalmente na produção e no uso mais eficiente de energia -- significam que essas metas são possíveis, afirma o texto.

O relatório ressalta o uso de energia nuclear, solar e eólica, mais prédios e iluminação com uso eficiente de energia, bem como a captura e o armazenamento de dióxido expelido por usinas movidas a carvão, além de plataformas de petróleo e de gás.

O painel disse também pela primeira vez que mudanças no estilo de vida podem ajudar no combate ao aquecimento global.

O texto não dá exemplos, mas o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, disse que entre suas sugestões pessoais estão desligar o termostato e consumir menos carne vermelha, o que poderia reduzir as emissões de metano animal.

"Há medidas de estilo de vida, mas você não abrirá mão de nada e pode até beneficiar-se", disse ele em entrevista coletiva.

Açao já

O relatório, aceito por cientistas e autoridades de mais de 100 países, revê os últimos dados científicos sobre custos e meios de cortar o aumento das emissões. O objetivo é formar uma linha de ação para governos, sem dizer exatamente o que fazer.

Mas a mensagem foi clara -- a bola está agora com os governos e já não é possível aceitar adiamentos.

"Não há desculpas para esperar", disse o Comissário Europeu do Ambiente, Stavros Dimas.

Pachauri disse que um alto interesse público pode levar governos a agir.

"Em uma democracia, no final das contas é o povo que vai criar pressão para mudanças e iniciativas", disse ele à Reuters.

Em alguns casos, disse o painel, a tecnologia pode resultar em benefícios significativos, como cortes nos custos de saúde, ao diminuir a poluição.

Até mesmo um calendário para o plantio de arroz, ou um melhor gerenciamento de rebanhos bovinos e caprinos podem ajudar a cortar as emissões de metano, diz o relatório.

Os dois relatórios anteriores previram um futuro sombrio em decorrência do aquecimento global induzido por humanos, com mais fome, secas, ondas de calor e elevação dos níveis dos mares.

(Reportagem adicional de Darren Schuettler)

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