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21/10/2008 - 18h09

Químicos portugueses descobrem novo material condutor

Lisboa, 21 out (Lusa) - Químicos portugueses descobriram por acaso uma nova substância, ao qual chamaram de gelatina iônica, que permite desenvolver dispositivos eletrônicos - como baterias e células de combustível - mais baratos e menos poluidores.

Transparente e maleável, o novo material foi produzido a partir da dissolução de gelatina num líquido iônico, uma solução constituída por íons com cargas negativa e positiva.

A descoberta, já patenteada, resultou de um trabalho conjunto de pesquisadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa e do Instituto Superior Técnico (IST), cujas conclusões foram publicadas no último número da revista científica britânica Chemical Communications.

"Estávamos à procura de um material que fosse um bom ambiente para as enzimas, que as imobilizasse e melhorasse o seu desempenho", disse à Agência Lusa um dos autores do estudo, Pedro Vidinha, da FCT.

"Sabíamos que os líquidos iônicos davam essa possibilidade, permitindo imobilizar as enzimas num ambiente físico mas essa linha de investigação não produziu os resultados desejados e foi temporariamente abandonada", acrescentou.

Sem desistir, os cientistas procuraram outros caminhos.

"Já que tinham íons, quisemos saber se o líquido iônico podia ser condutor e verificamos que era não só condutor de íons, como de elétrons", disse Vidinha.

Os pesquisadores decidiram dissolver gelatina nesse líquido iônico, verificando que este se tornava gelatinoso e se mantinha estável no estado sólido, mesmo sob aquecimento.

"Comparamos então este novo material com os outros condutores e constatamos não só que era tão condutor como eles, como era mais barato, mais leve, mais fácil de trabalhar e mais ecológico, por ser biodegradável", frisou.

Assim, o fato de poder assumir várias formas, desde um bloco compacto a uma fibra ou um filme fino - e poder incorporar substâncias solúveis ou insolúveis em água, permite a sua aplicação tanto em pilhas como em células de combustível, além de células fotovoltaicas de nova geração.

"Nas pilhas, por exemplo, a gelatina iônica pode funcionar como eletrolito e como elétrodo e, dada a sua versatilidade, permite construir uma pilha em qualquer superfície, até numa folha de papel, por exemplo, bastando para isso imprimir o eletrolito e os dois elétrodos", disse.

A equipe trabalha agora em outras aplicações, procurando tirar todo o proveito da descoberta, sobretudo no campo da biotecnologia, como em bio-sensores da glicose, voltando assim às enzimas, mas também em compostos farmacêuticos e cosméticos.

O projeto científico vai ser apresentado em breve nos Estados Unidos, representando a COTEC Portugal, num concurso de idéias chamado Idea to Poduct, que acontecerá entre 31 de outubro e 1º de novembro em Austin, Texas.

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