Congresso mostra efeitos do pós-trauma para saúde cardiovascular

São Paulo - O médico do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), Sérgio Timerman, apresenta hoje durante a abertura do congresso de cardiologia em Blumenau (SC) ensaios científicos sobre efeitos do estresse pós-traumático para a saúde cardiovascular. A escolha de Blumenau para sediar o congresso não foi aleatória. Um dos motivos é para clamar as entidades locais a levantar dados sobre os efeitos cardíacos na população catarinense após as enchentes que devastaram o Estado, em novembro do ano passado.

Entre os casos que serão apresentados no congresso, um deles foi feito pela Universidade de Nova York e publicado em dezembro do ano passado. O estudo evidenciou que após os ataques às Torres Gêmeas do 11 de setembro de 2001, os problemas metabólicos como diabetes, obesidade e pressão alta cresceram em até 4%. As mortes por enfarte ampliaram em 15%. Outro estudo, publicado em março deste ano no American College of Cardiology mostrou que os ataques cardíacos triplicaram na comunidade de New Orleans após o furacão Katrina. "É uma catástrofe após a catástrofe", opinou Timerman. "O mecanismo que faz despertar os problemas no coração após um desastre natural se repete em situações de conflito urbano."

Segundo Timerman, o evento deve iniciar a criação de um banco de dados e mapear os efeitos cardíacos na população que foi atingida por um fenômeno como esse. "O outro, e avalio que o principal, é evidenciar que as cidades, mesmo atingidas por uma catástrofe desse porte, já se reergueram a ponto de abrigar um evento como esse", ressaltou.

As enchentes em Santa Catarina deixaram 90 mil pessoas desabrigadas, 184 mil desalojadas e os registros contabilizaram 42 mortos. "Já temos evidências internacionais que as comunidades afetadas pelo Katrina e pelo Tsunami acabaram desenvolvendo problemas cardíacos importantes", afirmou o médico Sérgio Timerman. "São esses dados que queremos ter acesso em Santa Catarina. A hipótese é que os efeitos cardíacos também apareçam no Norte e Nordeste, agora afetados pela devastação das chuvas". As informações são do Jornal da Tarde.

AE