O estilo de vida da mulher moderna está diretamente associado às ameaças que antes eram mais comuns aos homens, como o enfarte. "Nos últimos anos, houve um aumento expressivo dos fatores de risco entre a população feminina, principalmente aqueles responsáveis pelo surgimento de doenças do coração", destaca a médica Elisabete Fernandes Almeida, de 53 anos, que tem especialização em Educação Médica Continuada pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e é diretora do departamento de Educação Médica para Leigos da Associação Paulista de Medicina.
A médica cita o levantamento realizado pela Med-Rio Check-up, entre 1990 e 2007, com 4.200 mulheres de vários Estados do País, entre 30 e 60 anos. Esse estudo, intitulado "Perfil de Saúde da Executiva Brasileira", revela que o número de casos de colesterol e triglicérides elevados entre elas subiu de 25% para 42%; os de hipertensão arterial saltou de 11% para 16%; e os de insuficiência coronariana, apontada por meio do teste ergométrico, de 6% para 12%.
Segundo a especialista, a falta de tempo se tornou um obstáculo para que as pessoas consigam mudar o estilo de vida. "Muita gente sabe dos malefícios do sedentarismo e da alimentação incorreta. Mas a maioria diz que não tem tempo para praticar uma atividade física e não se esforça para mudar os hábitos alimentares", diz Elisabete. No entanto, segundo a especialista, é possível deixar de ser sedentário realizando atividades do cotidiano.
RAIO-X DA SAÚDE FEMININA Fonte: Med-Rio Check-Up |
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colesterol e triglicérides elevados | 25% | 42% |
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hipertensão | 11% | 16% |
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estresse | 40% | 62% |
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insônia | 16% | 26% |
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tabagismo | 30% | 40% |
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automedicação | 12% | 20% |
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Fator de risco | 1990 | 2007 |
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"Uma boa opção é fracionar o tempo necessário de atividade física, que é de 45 minutos, para o resultado cardiovascular ser benéfico. Pode caminhar, por exemplo, 15 minutos, distribuídos durante o dia: de manhã, após o almoço, e à noite", cita. Segundo Elisabete, um bom começo seria trocar o conforto do carro pela caminhada ou substituir o elevador pelas escadas. "Basta começar com dois lances e ir aumentando. Acho caminhada mais prática, porque pode ser feita em qualquer lugar, não é preciso gastar nada. Para a mulher que trabalha o dia inteiro, seria uma boa idéia ter uma esteira em casa, para não dar aquelas desculpas de que não foi andar porque choveu, fez frio, etc."
EstresseO estilo de vida moderna, nas últimas décadas, levou a mulher à dupla e até à tripla jornada de trabalho. O custo dessa rotina frenética, segundo a Elisabete, é o surgimento de doenças crônicas, como o estresse e as cardiopatias. "A pesquisa Perfil de Saúde da Executiva Brasileira, da Med-Rio Check-up, mostra que os níveis de estresse e o estilo de vida inadequado aumentaram entre as mulheres pesquisadas. Em 1990, era de 40%, e hoje está na casa dos 62%." O estresse também está associado ao aumento da insônia nas mulheres, de 16% para 26%; tabagismo, de 30% para 40%; e da automedicação, com tranqüilizantes, vitaminas, analgésicos e moderadores de apetite, de 12% para 20%.
Ciça Vallerio