UOL Ciência e SaúdeUOL Ciência e Saúde
UOL BUSCA

26/02/2008 - 16h51

Cientistas duvidam da eficácia de antidepressivos

Os antidepressivos da nova geração não funcionam, salvo em casos mais graves, e na maioria dos pacientes só têm um efeito de placebo.



Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada por cientistas do
Reino Unido, Estados Unidos e Canadá que examinaram todos os dados
existentes sobre esse tipo de substâncias, inclusive os de testes
clínicos não os laboratórios não divulgaram.

Os fabricantes do Prozac e do Seroxat, dois dos antidepressivos
mais vendidos do mundo, expressaram, no entanto, seu desacordo com
os resultados do estudo.

Um porta-voz do laboratório britânico GlaxoSmithKline, que
fabrica o Seroxat, disse à imprensa que o estudo tinha levado em
conta apenas um segmento pequeno de todos os dados disponíveis,
enquanto a Eli Lilly, fabricante do Prozac, disse que a experiência
demonstrou sua eficácia como antidepressivo.

Os cientistas compararam o efeito nos pacientes que tomaram
antidepressivos com o resultado obtido em quem recebeu placebo e
descobriram que a melhora era muito parecida nos dois grupos.

As únicas exceções foram pacientes que sofriam de depressões mais
graves, explica o professor Irving Kirsch, do departamento de
Psicologia da Universidade de Hull (Inglaterra), que participou da
pesquisa.

Contudo, isso talvez tenha acontecido, segundo os cientistas,
porque nesses pacientes graves o placebo não funcionou tão bem
quanto nos que tomaram os medicamentos e não porque os
antidepressivos tenham surtido maior efeito.

"Dados os resultados, parece que não há apenas motivos para
receitar antidepressivos, salvo para os pacientes que sofrem de
depressões mais graves e em quem os outros métodos falharam",
afirmou Kirsch.

Segundo ele, as pessoas que sofrem depressão "podem melhorar sem
recorrer a esse tipo de tratamento".

Para o estudo, divulgado na publicação especializada "Public
Library of Science", foram utilizados os resultados de 47 testes
clínicos, além de uma série de dados inéditos graças à legislação
britânica sobre liberdade de informação.

As conclusões da pesquisa valem no caso do Prozac (fluoxetina),
do Seroxat (paroxetina), e de fármacos similares como Effexor
(venlafaxina) e Serzone (nefazodone).

Segundo Tim Kendall, diretor-adjunto da Divisão de Pesquisa do
Royal College of Psychiatrists, os laboratórios geralmente publicam
somente os estudos que lançam uma luz positiva sobre seus produtos.

O National Institute for Health and Clinical Excellence, do Reino
Unido, recomenda aos médicos que tentem outros métodos antes de
começarem a prescrever antidepressivos.

Desde seu lançamento nos Estados Unidos em 1988, aproximadamente
40 milhões de pessoas recorreram ao Prozac, trazendo bilhões de
dólares ao laboratório Eli Lilly.

Apesar de a patente ter caído em 2001, o princípio ativo do
Prozac, a fluoxetina, continua gerando renda para a empresa, já que
a mesma substância também é ingrediente do Sarafem, pílula utilizada
no tratamento da tensão pré-menstrual.

Compare preços nas MELHORES LOJAS

- Carros Usados
- Adidas - Pen Drive - Notebook - Ar Condicionado