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20/02/2008 - 16h37

Israel admite ter usado soldados em experiências médicas

Guila Flint
De Tel Aviv para BBC Brasil
O Exército israelense admitiu pela primeira vez que utilizou soldados para realizar experiências médicas de maneira inadequada.

O anúncio ocorre poucos dias antes da discussão na Suprema Corte de Justiça de Israel de um recurso apresentado por jovens soldados que participaram de uma experiência com uma vacina para o vírus antraz durante o serviço militar.

O Ministério da Defesa prometeu assumir a responsabilidade pelo tratamento de vitimas de efeitos colaterais e concordou, pela primeira vez, em submeter as experiências médicas realizadas no Exército a um controle externo.

A discussão na Suprema Corte será realizada no próximo domingo, mas pessoas envolvidas no recurso, ouvidas pela BBC Brasil nesta quarta-feira, já apontam uma "vitória parcial".

Injeções

A experiência com a vacina para o vírus antraz começou em 1999 e terminou em 2006.

Os 716 soldados de ambos os sexos que tomaram injeções da vacina receberam instruções de manter a experiência em sigilo e foram informados que "os efeitos colaterais seriam leves".

No entanto, dezenas de participantes da experiência se queixaram de efeitos graves, como pneumonia aguda, problemas no sistema respiratório, infecções no sistema digestivo, tosses fortes acompanhadas por sangramento, dores de cabeça e problemas musculares.

Segundo uma pesquisa realizada pela ONG Médicos pelos Direitos Humanos, 78% dos participantes dizem ter sofrido problemas de saúde "durante ou depois da experiência".

Trinta e quatro soldados entraram com um recurso na Suprema Corte, exigindo que seja constituída uma comissão de inquérito governamental para examinar as falhas cometidas durante a experiência.

Inquérito

Os soldados também exigem que o Exército entregue todos os documentos médicos relacionados à experiência, que até agora eram mantidos em sigilo.

"Até hoje as experiências médicas no Exército eram feitas sem nenhum controle externo", disse a advogada Natali Rozen à BBC Brasil. "O fato de que, em conseqüência do nosso recurso, o Exército se dispôs a submeter experiências futuras a um controle externo é uma conquista importante".

"Mas também exigimos uma comissão de inquérito do governo para investigar as falhas cometidas, queremos uma comissão que tenha poder, e que suas recomendações sejam obrigatórias", acrescentou a advogada.

Ran Goldstein, porta-voz da ONG Médicos pelos Direitos Humanos, que também está envolvida no recurso, disse que os soldados devem ser reconhecidos como um grupo "sensível em especial, pois estão submetidos a um clima autoritário e a uma grande pressão social".

"Não se pode mandar um soldado de 18 anos tomar uma injeção, 'pela segurança do Estado', sem explicar de maneira detalhada e correta quais poderão ser os efeitos", afirmou Goldstein.


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