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13/05/2009 - 18h00

"Quero dar uma sumida", diz paciente do Rio após alta da gripe suína

André Naddeo
Especial para o UOL Notícias
Do Rio de Janeiro

Por volta das 8h30 desta quarta-feira, B.L. recebeu o tão esperado aviso dos médicos: após dez dias de confinamento, poderia, enfim, ir para casa. Ao passar pelo saguão principal do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), viu o batalhão de repórteres e, aproveitando-se do fato de que ninguém conhecia o seu rosto, saiu de fininho para o carro e fugiu. Sem falar com ninguém.

"Quero dar uma sumida. Espairecer a cabeça, dar uma relaxada, curtir meus amigos e minha família. Fiquei muito tempo isolado", disse em entrevista exclusiva ao UOL Notícias, por telefone, o jovem de 21 anos, o primeiro caso confirmado de gripe suína no Estado do Rio de Janeiro. "Estou me sentindo bem. É uma felicidade estar aqui fora. Preciso voltar à minha vida normal", completou.

O estudante passou sete dias de férias em Cancún, no México, país de onde a doença que assustou o mundo se originou. Um dia após aterrissar no aeroporto internacional do Galeão, ainda sem nenhum tipo de inspeção específica, começou a sentir os primeiros sintomas: leve febre e coriza. "Mas eu não tinha dor no corpo nenhuma, só estava um pouco quente, mais ou menos uns 37,5º. Como eu peguei sete dias de sol direto, pensei que pudesse ser uma insolação. Mesmo quando eu estava internado no hospital já não sentia mais nada", explica, confirmando a informação de que não passou de forma aguda pelos efeitos da gripe suína - como febre além dos 38º e dor nas articulações.

O jovem desmentiu também a informação de que teria ido ao estádio do Maracanã ver a final do Estadual do Rio entre Flamengo e Botafogo. Confessou que foi à uma boate e à casa de um amigo, que acabou sendo infectado. "Fiquei chateado por ele ter contraído, mas ao mesmo tempo com a consciência tranquila, porque eu não tive culpa, eu não sabia que estava (com a gripe), até porque a gripe começa transmitir mesmo antes de você sentir os sintomas", disse.

Além dos dois, a mãe do colega de B. L. também foi diagnosticada como portadora do vírus H1N1. "Fico torcendo para o meu amigo se recuperar bem", disse. Por enquanto, são estes os três casos confirmados da Influenza A no Rio de Janeiro. O amigo deve ter alta nesta quinta-feira, enquanto a mãe ainda não tem saída prevista. Ambos estão internados no mesmo hospital universitário.

Internet e seriado
Um dia após sentir os primeiros sintomas da doença, o rapaz procurou uma clínica particular. O médico descartou qualquer ligação com a nova gripe, mesmo ele tendo relatado que esteve no México. Recebeu prescrição para medicamento. No dia seguinte, não sentindo evolução e já ciente da repercussão e que era um "doente em potencial", procurou o hospital universitário e se internou.

"Eu ficava num quarto de isolamento, né. Só entravam os médicos e enfermeiros com proteção e não tinha acesso a ninguém da minha família, nem a outras pessoas. Mas mesmo assim fui muito bem atendido", conta. Para matar o tédio, ele usou dois métodos. "Ficava vendo muito filme. Aluguei duas temporadas de um seriado e internet o tempo inteiro. Eu levei um laptop para lá".

Mais um internado

Mais sobre a gripe suína: epidemiologista diz haver preconceito e desinformação

A direção do hospital Clementino Fraga Filho confirmou que deu entrada na noite da última terça-feira um jovem que esteve nos EUA e apresentava os sintomas da gripe suína. Ele passou pela triagem e está internado no mesmo setor de isolamento dos demais.

Logo após B. L. receber alta, um taxista, usando máscara e assustado com o assédio da imprensa, foi para o Fundão ser analisado pelos médicos. Como atende passageiros do aeroporto Santos Dumont e começou a sentir os sintomas, achou por bem se consultar.

O chefe do setor de Epidemiologia do hospital universitário, Roberto Frizsman, ressaltou que só pessoas que estiveram no exterior ou que tiveram contato com quem lá esteve devem se dirigir ao local. "Esses dias chegou uma pessoa com sintomas, mas que tinha vindo de Maricá (Região dos Lagos do Rio). Temos que deixar bem claro que não há motivo para pânico", ressaltou.

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