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13/04/2009 - 14h39

ONG Médicos do Mundo diz que já são 40 mil os casos de dengue na Argentina

Fernando Moura
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Em Buenos Aires
Relatório divulgado no último sábado (11) pela rede internacional Médicos do Mundo afirma que os casos de dengue registrados na Argentina já são 40 mil, número que sugere a declaração do Estado de Emergência Nacional. Já o Ministério de Saúde argentino diz que são apenas 14.500 os infectados.

Os especialistas da rede suspeitam de uma mutação do vírus na Capital do país e nos arredores da cidade de Buenos Aires, devido ao aparecimento de uma série de casos de tipo "duvidoso" que poderiam ser próprios da região, o que agravaria ainda mais o cenário.

AP
Agente espalha substância química para conter o mosquito da dengue em Charata, a cerca de 1.400 km de Buenos Aires
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O relatório, lançado em um comunicado da instituição, afirma que a existência da epidemia está sendo negada. Em consequência disso, não foram tomadas as medidas preventivas necessárias para evitar a sua propagação.

A dengue assola o país desde o começo do ano e espera-se que, com o retorno dos turistas deslocados pelo país pelo feriado da Páscoa, a epidemia se espalhe pela zona central do país, situação que não ocorria desde os anos de 1970.

Os números oficiais do governo revelam 5 mortos: 3 em Charata, Chaco, e 2 em Tartagal, Salta, no norte do país. Ainda faltam confirmar outras três mortes.

Ariel Umpiérrez, presidente da ONG Médicos do Mundo, com projetos humanitários em diversos países por todo o mundo, afirmou que a falta de "medidas sérias e responsáveis para enfrentar a doença", fez com que ela se propagasse pelo resto do país. O surto, que começou no norte da Argentina, já afeta hoje 14 das 23 províncias do país.

Para a organização humanitária na Argentina, há uma "evidente manipulação" ou "ocultamento" dos dados da propagação da doença e uma "ausência do Estado nas ações de prevenção e controle nos últimos 10 anos". A ONG denuncia, em comunicado, que o direito à informação confiável da população sobre a doença deve ser respeitado e recomenda o lançamento de "um plano integral de prevenção e promoção casa-a-casa nas províncias afectadas pela epidemia."

O médico Ernesto Trivisonno, ex-subsecretário da Saúde do Governo da Cidade de Buenos Aires e fundador de programas de saúde tais com o "Médicos de Cabecera" e "Pediatra en Casa", explicou também que o problema é que nada foi feito, "nem falar de obras estruturais necessárias como o aqueduto de água potável para o Chaco (Estado mais atingido pela doença), onde a maioria da população não tem saneamento básico em casa."

Mutação do vírus

A doença, propagada pelo mosquito Aedes Aegypti, está se espalhando pela Argentina e o ministro da Saúde da província de Buenos Aires Claudio Zin admitiu ser inevitável a chegada da doença ao Distrito. "No ano passado, tivemos casos de dengue importados do sul do Brasil, da Bolívia e do Paraguai. Sobre uma população de 11 milhões de pessoas na Província de Buenos Aires, temos 107 casos e uma dezena de casos autóctones (contraídos no próprio local em que o paciente vive) estão sendo analisados".

Estes casos estão sendo analisados no Instituto Nacional de Enfermedades Virales Humanas (Inevh), pelos órgãos governamentais, já que as organizações suspeitam que o vírus tenha tomado características próprias nessa região devido a uma série de mutações. Isso intensificaria os riscos da doença e dificultaria ainda mais a sua erradicação. Sobre esta hipótese, Zin afirma que "há suspeitas, mas, até se confirmarem, são suposições". Se estas suposições forem confirmadas, ele diz que "tudo está pronto para atender a demanda de doentes pelos futuros casos da doença".

Para o Ministro de Saúde, se confirmada a mutação, a estratégia de prevenção não mudará substancialmente. O governo continuará com as fumigações e com atenção redobrada nos hospitais. Intensificará, no entanto, as campanhas de sensibilização "porque o risco de contágio poderá ser muito maior", disse.

Risco para turistas

Segundo o secretário executivo do Instituto de Promoção Turística (Inprotur) argentino, Leonardo Boto Alvarez, a Argentina "não está em perigo como destino turístico."

Em declarações a um importante jornal do país, Alvarez afirmou que "há muitos destinos importantes da América do Sul que têm febre amarela, dengue, e têm administrado bem a situação. Para isso, criamos um comitê de crise com o Ministério da Saúde para trabalhar com a atividade turística e coincidir numa mensagem que não crie o terror nem gere expectativas desmedidas. Queremos uma mensagem clara, com apoio e respaldo científico, para aqueles que visitem as zonas afetadas pela epidemia."


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