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29/11/2008 - 06h00

Na Ayurveda, só médicos podem receitar ervas, dizem especialistas

Tatiana Pronin
Editora do UOL Ciência e Saúde
A ioga, ou "o yoga", como os praticantes insistem em chamar, está definitivamente na moda. A técnica milenar "pegou" no Brasil na década de 1970 e, desde então, houve uma profusão de escolas, modalidades e variações.

O leque reflete o próprio berço da prática: na Índia, cada guru segue sua linha, desenvolvida a partir dos escritos de Patanjali, mestre que teria organizado os ensinamentos milenares há muito tempo (ninguém sabe muito bem, mas em algum momento entre 200 a.C. e 400 d.C.).

Os "sutras" de Patanjali deram origem à maioria das linhas de ioga ensinadas hoje, como Ashtanga, Iyengar, Hatha, Kundalini e outras, que inspiraram até práticas de origem ocidental, como o método Pilates.

Embora para muita gente a ioga seja apenas uma atividade física, capaz de educar a postura, aliviar a ansiedade ou modelar os músculos (a exemplo da popstar Madonna), quem estuda o assunto enfatiza que as posturas ("asanas") e exercícios de respiração ("pranayamas") são apenas um aspecto da filosofia de vida que a ioga representa.

A ioga é considerada uma "ciência irmã" da "Ayurveda", a medicina tradicional indiana, que também vem atraindo adeptos no Brasil. Os médicos ayurvédicos, na Índia, estudam aproximadamente cinco anos e as terapias envolvem o uso de ervas, dieta personalizada, massagens, ioga e meditação. Tudo de acordo com as características de cada um. Segundo a Ayurveda, as pessoas são regidas por três "humores biológicos" básicos, chamados de "doshas": "vata", "pitta" e "kapha". Quando um deles prevalece, há um equilíbrio energético capaz de provocar doenças.

"A ioga também deve ser aplicada de acordo com as características de cada indivíduo, ou pode até estimular o desequilíbrio", ressalta Marcia De Luca, fundadora Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda, em São Paulo.

Seguidora do médico e pensador indiano Deepak Chopra (que vive nos EUA), ela critica os deturpadores da ioga que exibem a prática como malhação ou contorcionismo. Em sua clínica, os alunos passam por um especialista em quiropraxia antes de aprender a prática, que é personalizada. "Se a pessoa tem uma hérnia de disco, por exemplo, certos movimentos podem até agravar o problema", alerta.

De Luca diz não poder avaliar o que aconteceu no retiro de Cristovão de Oliveira, em Mairiporã (SP), mas faz uma observação sobre o consumo de grande quantidade de água com chá de sene que, supostamente, o professsor de ioga receitou aos alunos. Ela explica que uma coisa é a lavagem intestinal praticada pelos iogues, as chamadas "kryas". A técnica consiste em beber cerca de dois litros de água morna, com um pouco de sal, e em seguida movimentar o corpo de modo que "o líquido seja excretado pelo intestino, e não pela urina".

Outra coisa, ela diz, é o uso de plantas como o sene, um tipo de laxante. "Só quem pode indicar uma erva é o médico ayurvédico", previne. Como a medicina milenar indiana não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, diferentemente do que ocorre com a acupuntura, De Luca esclarece que é preciso procurar um médico de formação que tenha aprendido, depois, os preceitos da Ayurveda.

O clínico geral Aderson Moreira da Rocha, presidente da Associação Brasileira de Ayurveda, no Rio de Janeiro, conta que, mesmo na Índia, é preciso ser médico para receitar ervas ou lavagens intestinais, chamadas de "panchakarma". O curso de medicina ayurvédica no país dura 5,5 anos. Já os terapeutas, que fazem cursos mais curtos, podem fazer as massagens e outros tratamentos corporais indicados pelo médico.

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