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29/11/2008 - 06h00

Excesso de água pode ser fatal, alerta médico

Tatiana Pronin
Editora do UOL Ciência e Saúde
Práticas de "desintoxicação", como jejuns, consumo de chás e lavagens intestinais, são bastante disseminadas por adeptos das chamadas terapias alternativas, ou complementares. Não faltam spas holísticos que oferecem tratamentos como a colonterapia, limpeza feita com uma espécie de bombinha que injeta água no intestino para eliminar resíduos fecais e, assim, livrar o corpo de toxinas que causam doenças.

Na medicina ocidental, a idéia de limpar para curar também já foi muito cultivada. "Até o início do século passado, era muito comum o médico indicar enemas, purgantes, induzir vômitos, suores e até utilizar a sangria para tratar pacientes. Hoje, a Ciência mostra que não há fundamento para ações desse tipo", garante o clínico geral Arnaldo Lichtenstein, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), ele próprio seguidor de uma técnica milenar, a acupuntura.

A idéia de que é preciso tomar água em abundância para limpar o organismo é outro preceito que causa discussão. Beber dois ou três litros de líquido por dia é o que a maioria dos médicos costuma recomendar, especialmente para quem pratica atividade física. "A urina clara, em geral, é indício de que a pessoa está tomando a quantidade adequada", diz Lichtenstein.

O clínico ressalta que não pode comentar o caso do professor Cristovão de Oliveira, por não ter atendido os alunos que foram hospitalizados. Mas ele explica que qualquer pessoa que consuma 30 litros de água, ou até menos do que isso, corre perigo. "Os rins não dão conta de tanto líquido e a diluição do sangue faz as células do cérebro incharem, provocando convulsão e até morte", descreve.

O médico Orlando Ambrogini Jr., do departamento de gastroenterologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lembra que mesmo laxantes naturais, como o sene, podem irritar e causar inflamações no intestino. Segundo ele, tomar laxante e realizar lavagem intestinal são procedimentos de emergência, quando a pessoa está há muitos dias sem evacuar.

"Há uma teoria, ainda não comprovada, de que certos tipos de alimentos, quando ficam muito tempo no intestino, poderiam provocar câncer. Mas isso só aconteceria em uma pessoa que está há duas ou três semanas sem ir ao banheiro", diz. De qualquer forma, ele garante que uma lavagem só acelera a saída dos resíduos, que sairiam por conta própria depois.

A nutricionista Roberta Panighel também enfatiza que o nosso corpo produz toxinas o tempo todo, mas que não há necessidade de consumir quantidades extras de líquido ou tomar purgantes para garantir que esse lixo todo seja expelido. Basta cuidar da alimentação e evitar a prisão de ventre: "Para isso, é recomendável tomar cerca de dois litros de água e de 20 a 35 gramas de fibras por dia", sugere. Para se ter uma idéia, uma fatia de pão integral possui 1,4 gramas de fibra.

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