UOL Ciência e SaúdeUOL Ciência e Saúde
UOL BUSCA

29/08/2008 - 15h11

Histórias de blogueiros sobre parar de fumar

UOL Interação
Juca Kfouri
"Numa bela manhã de 2001 li na coluna de Clóvis Rossi que ele tinha parado de fumar.

Companheiro de vôo dele em algumas Copas do Mundo, pensei: "Se ele parou, eu também sou capaz".

Sim, porque ele tomava remédio para dormir mas não era para dormir. Era para não ter vontade de fumar.

E saía atropelando quem estivesse pela frente dele até chegar na calçada do aeroporto para poder saciar um dos mais terríveis vícios que existem.

Pois, parei.

Durante alguns anos não pus um cigarro na boca.

Até que meu compadre Washington Olivetto teve um probleminha e precisou ficar mais de 50 dias fora de casa.

E eu fui um dos que ficaram em vigília, esperando pela volta dele.

Resisti até a madrugada em que ele voltou e, aí, fumei.

E voltei a fumar.

Cigarrilhas, em vez de cigarros.

E mentia para mim mesmo dizendo que não tragava.

Até que, em novembro passado, tomei um sustinho, um pequeno acidente isquêmico temporário, durante uns 15 segundos as palavras vinham à boca mas a boca não conseguia dizê-las.

Depois de todos os exames possíveis e imagináveis, ouvi de um dos melhores neurologistas do país, Milberto Scaff, as seguintes recomendações: caminhe todo dia 40 minutos, beba muita água e pare com a cigarrilhas, porque a cada uma que você fuma sua circulação fica mais lenta durante uns 40 minutos e tudo o que você não precisa é de engrossar seu sangue.

Atendi-o prontamente, é claro.

E aposto que sou um feliz ex-fumante, além de ser um eufórico caminhante.

Incômodo mesmo só o número de vezes de ir ao banheiro para fazer xixi."

Tom Zé

"Talvez por isso minha intuição dê tanta importância ao que eu chamo "proteína da rebeldia"...

Como é que a gente pode, aos 8 anos de idade, botar na boca um negócio tão ruim, tão repugnante, que provoca ânsias de vômito e nos põe com dor de cabeça, passando mal? ...

É o que acontece ao experimentar o primeiro cigarro. Mas voltamos a botar esse papel-com-tabaco na boca, repetindo o sacrifício, a violência ao paladar, às papilas gustativas, como se fosse um ritual necessário para alcançar o miserável hábito, o miserável vício...

Divulgação
Tom Zé:"Como a gente pode botar na boca um negócio tão ruim?"
BLOG DO TOM ZÉ
ENVIE UM CARTÃO PARA UM FUMANTE
Só pode ser o estigma da rebeldia; a impressão é que cada geração tem de canalizar essa contra-mão da juventude para alguma coisa útil ou volta-a para um mera desobediência e desconsideração à orientação dos pais.

O pano de fundo, há tempo (será que ainda não é?) era uma espécie de pedagogia constante e ininterrupta que o cinema de Hollywood impunha: os filmes dos anos 40 e 50 mostravam atores belos, simpáticos, valentes, fumando na primeira cena, na cena do meio, no flashback, no backflash, na cena do inferno, que Deus me perdoe.

Quando eu fiz 13 anos alguém me disse: "Você não sabe fumar". "Quequeé isso? Não sei, como?" e o instrutor, didático: "Pra fumar, tem de tragar." Ao receber as instruções, passei mais um mês me habituando a botar aquela fumaça dentro do pulmão, tossindo e cuspindo, até o dia em que o costume tomou posse de mim completamente. Virei um possuído.

Era uma propaganda tão disseminada que na minha juventude, quando a gente fazia 18 anos, os pais mais condescendentes autorizavam, como presente da maioridade: 'Pode acender seu cigarro'."

Falcão

"Existe na vida de cada cidadão (se vosmicê não sabia), uma prerrogativa chamada livre-arbítrio, a qual dá o direito a qualquer semovente humano na face da terra, de fazer o que lhe der nas ventas. É aquele mesmo que Raul Seixas falava em Sociedade Alternativa, "faça o que tu queres, pois é tudo da lei", lembra?

Divulgação
Falcão: "Uma prerrogativa chamada livre-arbítrio"
BLOG DO FALCÃO
SEU CARTUM: 'THE END'
Pois foi montado nesse argumento que Jojó Carvalho, fumante velho inveterado, foi querer subverter a ordem anti-fumacista da residência de seu colega Gaudêncio dos Anjos. A estória começou assim: Jojó, se queixando de dificuldades bilau-levantativas e falta-de-ar crônica, além de dor aguda na cacunda, lá dele; recebeu do médico o seguinte diagnóstico -"Pulmão avariado e trincamento varizístico entre o fiofó e a base dos ovos. Descompassamento cardíado e pólipos neuro-cebáceos no terminal do tubo digestivo".

Daí, a mulher do dito cujo, que, por causa destas mazelas, já vinha brindando-o com chifres e mais chifres - no varejo e no atacado -, resolveu abandonar o corno velho de vez.

Ele, então, pediu asilo na casa de Gaudêncio e foi logo pregando: "Não venha reclamar do meu fumo pois, o tabagismo é a mais inocentes das atividades sócio-recreativas humanas". E disse mais: "Eu tô respaldado no meu livre-arbítrio, coisa que permite a qualquer cidadão rasgar dinheiro, ser corno manso, votar em político corrupto, nadar no rio Tietê, queimar o anel e etc, se assim lhe aprouver"! Disse tudo isso, tossiu e caiu duro pra trás, finou-se, mor-reu-eu-eu-eu! Dona Fideralina, esposa de Gaudêncio, olhou o defunto e asseverou: 'Livre-arbítrio é? O povo se apega a cada besteira!'."

*Antigamente eu pensava que o eleitor brasileiro era um tolo, agora eu sei que é um abestado.*

Compare preços nas MELHORES LOJAS

- Carros Usados
- Adidas - Pen Drive - Notebook - Ar Condicionado

Hospedagem: UOL Host