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19/05/2008 - 20h09

Isopor também pode ser reciclado

Fernanda Kalaf
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Ao ouvir falar sobre os danos causados ao ambiente pelo descarte incorreto do poliestireno expandido (EPS), popularmente conhecido como isopor, muita gente até percebe que contribui com a degradação, mas não sabe como evitá-la. Afinal, o isopor está hoje associado a um número cada vez maior de hábitos de consumo: das bandejas de padarias e supermercados às embalagens de proteção e até peças da construção civil.

Segundo a Associação Brasileira do Poliestireno Expandido (Abrapex), foram produzidas 55 mil toneladas do material no Brasil em 2007 e outras 2 mil toneladas foram importadas junto a equipamentos eletrônicos e diferentes bens trazidos do exterior. Mas, ao contrário da crença espalhada no país, o EPS é totalmente reciclável e já existem algumas empresas no Brasil que o reutilizam.

O presidente da Abrapex, Albano Schmidt, conta que metade da produção nacional de isopor é usada na construção civil e fica incorporada à obra, mas o restante poderia ser transformado. "Não temos dados concretos sobre a quantidade de EPS reciclado, mas estimamos que somente 5 mil toneladas recebam o destino adequado", afirma.

Arquivo Folha Imagem
O poliestireno expandido (EPS), ou isopor, é totalmente reciclável; algumas empresas já desenvolvem programas com esse fim
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Os principais entraves para que o produto não acabe flutuando nos rios, entupindo bocas-de-lobo ou sobrecarregando os aterros sanitários são a falta de conscientização da população - que coloca o material no lixo comum - e as características físicas do isopor - leve e volumoso -, que dificultam seu armazenamento e transporte.

Coleta

Apesar das dificuldades, há quem já esteja trabalhando com o reaproveitamento do isopor. A cooperativa paulistana Coopervivabem começou a recolher e a vender o EPS em janeiro de 2007 e hoje funciona como um ponto de coleta para as outras cooperativas de reciclagem da cidade: ela compra o produto sujo, faz a remoção de fitas adesivas, papéis, grampos e outros materiais e o revende. "Antes o isopor não tinha finalidade nenhuma, ia parar no lixo. Agora, já tem valor comercial que torna a coleta viável", diz Elma de Oliveira Miranda, tesoureira da Coopervivabem.

O valor a que Elma se refere, no entanto, ainda é baixo se comparado com materiais mais caros, como o alumínio ou as garrafas PET. Em São Paulo, o quilo do EPS limpo é de R$ 0,40, R$ 3 a menos do que o quilo do alumínio e R$ 0.80 mais barato do que o quilo do PET.

Mesmo assim, Elma e os outros 63 cooperados animam-se com a perspectiva de complementar a renda. No primeiro mês da ação, foram recolhidos 1.523 quilos de isopor. Atualmente, a média é de 4.273 quilos por mês. "Aconselhamos a população a sempre enviar o EPS para a reciclagem. Se o ponto de coleta não tiver um recipiente próprio, é só colocar junto com os plásticos", declara.

Transformação

Depois de limpo, o isopor da Coopervivabem é encaminhado para a ProEcologic, única recicladora totalmente dedicada ao EPS no Brasil. Há um ano e meio no mercado, a empresa desenvolveu uma tecnologia que retira o oxigênio do material, diminuindo seu volume. "Nos baseamos em uma tecnologia coreana para desenvolver uma máquina portátil, de apenas um metro quadrado, que viabiliza o transporte e o armazenamento do isopor", afirma Daniel Cardoso Fernandes, gerente de produção da empresa.

Sem oxigênio, o EPS passa a ser uma massa compacta, que depois é novamente transformada em grãos e encaminhada para a fabricação dos mais diferentes produtos, como rodapés, molduras, porta-retratos, cabides e réguas.

Fernandes explica que a ProEcologic tem capacidade para processar 600 toneladas de isopor mensalmente, mas que até agora só conseguiu transformar 100 toneladas por mês. Os motivos para a ociosidade da indústria, segundo ele, são a pouca conscientização da população e das empresas geradoras de embalagens de EPS, além da dificuldade logística causada pelo grande volume e pouco peso do produto. "A situação precisa mudar. Nos aterros sanitários, por exemplo, o isopor funciona como um isolante, dificultando a degradação do lixo orgânico e a expulsão dos gases resultantes da decomposição", alerta.

Além do processo feito pela ProEcologic, existem ainda outras formas de reciclagem mecânica - que reintroduz o material triturado em novas peças de EPS, especialmente em blocos para construção - e de reciclagem química, que dissolve o produto para a fabricação de colas, solventes, solados de calçados e outros.

Parcerias

Outras medidas adotadas para mudar a situação do isopor no pós-consumo são as parcerias fechadas entre a Abrapex e grandes redes varejistas para que cada uma delas funcione como ponto de recebimento do EPS levado pela população. De acordo com Schmidt, a ação ainda é tímida e apenas algumas unidades de marcas conhecidas pela população, como Wal-Mart, Magazine Luiza, Ponto Frio e Casas Bahia, já aderiram ao programa.

A associação também vem trabalhando junto a prefeituras que têm coleta seletiva, para conscientizar tanto as administrações quanto a população sobre o destino adequado do isopor.

Para saber onde deixar o EPS na sua cidade ou bairro, entre em contato com a secretaria responsável pela coleta seletiva de sua prefeitura ou com a Abrapex, pelo site www.abrapex.com.br ou pelo e-mail eps@abrapex.com.br. Na cidade de São Paulo, é possível obter informações pelo Alô Limpeza, no telefone 156.








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