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16/01/2008 - 21h27

Vale a pena vacinar-se um dia antes da viagem? Médico tira dúvidas

Da Redação
Com a confirmação de dez casos e sete mortes causadas pela febre amarela este ano no país, muita gente tem lotado os postos de saúde. No meio da confusão, algumas perguntas ficam sem resposta: vale a pena vacinar-se contra a febre amarela um dia antes da viagem? Quais as reações que a vacina pode provocar? Portadores do vírus HIV ficam sem proteção?

O número de casos de febre amarela registrados este ano no Brasil já é o maior desde 2003. Nesta quarta-feira (16), foram confirmadas mais quatro infecções, duas delas fatais, o que totaliza 10 casos comprovados e sete mortes. Há ainda 12 casos suspeitos em investigação - um deles registrado hoje - e sete infecções descartadas.

Apesar do quadro, o governo tenta incutir na população a idéia de que o momento não é de desespero e que as pessoas que mais têm chances de contrair a doença são aquelas que visitam ou moram em regiões endêmicas. Mesmo assim, crescem as filas em postos de saúde de todo o Brasil em busca de vacinas.
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O infectologista Jessé Reis Alves, responsável pelo Check-up do Viajante e pelo Serviço de Vacinação do Fleury esclarece algumas dúvidas sobre a febre amarela e as medidas de prevenção à doença:

Por que a vacina contra a febre amarela não faz parte do calendário oficial no país inteiro?
Vacinas produzidas a partir do vírus vivo atenuado, como a da febre amarela, apresentam risco, ainda que pequeno, de reações. Por isso a imunização em massa não se justifica. Devem ser vacinados apenas os viajantes, acima de seis meses de idade (nove meses para quem mora fora das áreas endêmicas), que se dirijam aos Estados com áreas de risco, com antecedência mínima de dez dias da viagem. Só nessas regiões é que a vacina contra febre amarela faz parte do calendário oficial.

Quais as possíveis reações e com que freqüência as reações ocorrem?
Sintomas como febre, mal-estar, dor de cabeça e dores musculares ocorrem em 2% a 5% dos casos e podem ser causados por qualquer tipo de vacina. A hipersensibilidade imediata causada pelo ovo, que inclui lesões na pele, problemas respiratórios e até choque anafilático, ocorre em uma pessoa em um milhão. Há outras duas complicações ligadas à vacina, bem mais raras: a encefalite pós-vacinal e a falência hepática, que ocorrem na proporção de uma pessoa em 17 milhões.

Quem já tomou a vacina e não teve problemas ainda pode ter?
Não. Em geral, as reações ocorrem na primeira dose da vacina.

Quem não deve ser vacinado?
A vacina é contra-indicada para crianças com menos de seis meses de idade, para pessoas com o sistema imunológico comprometido por alguma doença, como câncer ou HIV, que usam drogas imunossupressoras, fazem radioterapia ou têm alergia a ovo de galinha (a vacina é cultivada em ovos embrionados e, mesmo depois da purificação, pode sobrar algum resquício). Mulheres grávidas têm contra-indicação relativa: se a exposição às áreas de risco for inevitável, o médico pode recomendar a vacinação. Quem está com febre moderada ou grave também deve tratar-se antes de tomar a vacina.

Pacientes com a imunidade comprometida ou alergia a ovo ficam desprotegidas?
O custo-benefício deve ser analisado pelo médico. No caso do HIV, é preciso considerar a carga viral, por exemplo. Se a pessoa tem alergia a ovo, pode-se administrar uma medicação antialérgica. Cada caso é um caso.

Quem perdeu o certificado de vacinação e não se lembra quando recebeu a última dose corre algum risco ao ser vacinado em um prazo menor que dez anos?
Não. Se a pessoa não tiver certeza de ter recebido a última dose há menos de dez anos é recomendável que ela seja vacinada, por precaução.

Em casos de viagens de urgência, em que a pessoa não terá dez dias para se vacinar com antecedência, é preferível receber a dose mesmo assim?
Ainda que a viagem seja no dia seguinte, a pessoa deve ser imunizada. A vacina não causará uma vulnerabilidade à doença nesses dez dias - esse é um mito equivocado, mas a eficácia só é garantida após esse período.

Medidas como usar repelente e véu mosquiteiro ajudam a prevenir a febre amarela?
Vale a pena tomar essas precauções, até porque há outras doenças provocadas por picadas de mosquitos. Os repelentes devem ter no mínimo 35% de concentração de DEET (dietiltoluamida). Muitos dos produtos disponíveis no mercado têm menos do que isso, por razões de segurança. Crianças costumam levar as mãos aos olhos e à boca, o que pode gerar algum efeito tóxico. Mas, dependendo do risco, elas até podem usar concentrações mais altas.

Qual o período de incubação da doença?
É curto, de aproximadamente cinco dias.

Quais os sintomas provocados pelo vírus?
Algumas pessoas podem adquirir o vírus e não manifestar a doença, outras têm apenas um quadro febril leve que passa sem tratamento. Mas os sintomas característicos da febre amarela são febre alta, mal-estar e dor de cabeça. Em alguns casos, o vírus afeta mais a função do fígado, causando o típico amarelão e podendo levar à falência hepática. Em outros, atua no sistema nervoso, provocando alterações neurológicas, encefalite e até coma. O risco de morte é variável.



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