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27/11/2007 - 10h00

Países desenvolvidos precisam reduzir emissões em 80%, segundo PNUD

Tatiana Pronin
Editora do UOL Ciência e Saúde
Às vésperas da reunião de Bali, na Indonésia, que no início de dezembro deve definir o sucessor ao Protocolo de Kyoto, o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) faz um apelo para que os países desenvolvidos reduzam suas emissões de gases do efeito-estufa em 80% em 2050, em relação aos níveis de 1990, e em 30% até 2020.

PEGADAS DE CARBONO - CONTRASTE ENTRE PAÍSES
Fonte: PNUD/Carbon Dioxide Information Analysis Center
Estados Unidos19,3 t20,6 t
Canadá15,0 t20, 0 t
Federação Russa13,4 t (1992)10,6 t
Reino Unido10,0 t9,8 t
França6,4 t6,0 t
China2,1 t3,8 t
Egito1,5 t2,3 t
Brasil1,4 t1,8 t
Vietnã0,3 t1,2 t
Índia0,8 t1,2 t
Nigéria0,5 t0,9 t
Bangladesh0,1 t0,3 t
Tanzânia0,1 t0,1 t
Etiópia0,1 t0,1 t
PaísesEmissões de CO2 em 1990 (per capita)Emissões de CO2 em 2004 (per capita)
Para os países em desenvolvimento, a meta sugerida é de 20% a menos até 2050. No entanto, a redução nas emissões poderia ter início apenas em 2020 e deveria ser apoiada por programas de cooperação internacionais.

O relatório do Pnud mostra que, apesar de emitirem menos CO2, os países em desenvolvimento são os que mais sofrem com os efeitos da mudança climática. Estima-se que, nessas regiões, uma em cada 19 pessoas foi afetada por algum desastre relacionado ao clima entre 2000 e 2004. Já nos países desenvolvidos, a proporção é de uma pessoa em 1.500, contraste que o Arcebispo Emérito da Cidade do Cabo, Desmond Tutu, descreve no documento como "mundo de apartheid de adaptação".

A desigualdade em relação às emissões está diretamente ligada à industrialização dos países. O Reino Unido (com 60 milhões de habitantes), por exemplo, emite mais CO2 que o Egito, a Nigéria, o Paquistão e o Vietnã juntos (472 milhões de habitantes). O Estado do Texas (23 milhões de habitantes), nos EUA, concentra 12% das emissões do país inteiro e mais que toda a região da África Subsaariana (720 milhões de pessoas).

Segundo Kevin Watkins, principal autor do relatório, se as pessoas do mundo em desenvolvimento tivessem produzido emissões de CO2 per capita em quantidades semelhantes às da população da América do Norte, precisaríamos da atmosfera de nove planetas para lidar com as conseqüências.

Entre as ameaças da mudança climática ao desenvolvimento humano identificadas pelos especialistas no relatório destacam-se:

- o colapso dos sistemas agrícolas, devido à exposição maior às secas, ao aumento de temperatura e à irregularidade das chuvas, que pode gerar uma população de mais 600 milhões de subnutridos no mundo;
- a escassez de água, que pode afetar uma população adicional de 1,8 bilhões em 2080;
- a alteração de sistemas ecológicos, incluindo a devastação de recifes de corais e de ecossistemas nas regiões mais geladas do planeta. Com um aquecimento de 3º C, entre 20% e 30% das espécies terrestres podem entrar em extinção;
- o deslocamento temporário ou permanente de cerca de 332 milhões de pessoas, devido às cheias e às tempestades tropicais nas áreas costeiras e de baixa altitude;
- a expansão de epidemias como a da malária: até 400 milhões de pessoas seriam expostas à doença. A mudança climática também causaria o aumento dos casos de dengue, especialmente na América Latina e em partes da Ásia oriental.

O texto ressalta, ainda, que prevenir é melhor que remediar os desastres relacionados ao clima: cada dólar investido na gestão de riscos poderia evitar sete dólares perdidos em uma catástrofe.
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